Abit prevê crescimento de 3,5% na receita este ano

Publicado em: 4 de fevereiro de 2011

Balança comercial desfavorável, câmbio, aumento dos preços do algodão e redução do ritmo de crescimento do PIB nacional levaram a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) a prever um aumento de 3,5% no faturamento do setor em 2011, na comparação com o ano passado. Com estimativa de alcançar US$ 54 bilhões em vendas, o resultado representa elevação em ritmo menor do que em 2010 frente a 2009, quando as vendas subiram 9,2%.

Segundo o diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, além da perspectiva de um crescimento da economia brasileira aquém de 2010, o aumento das importações preocupa o setor. De acordo com ele, apenas em janeiro, as importações de produtos têxteis tiveram elevação de 6%. A entrada de peças de vestuário chega a 58% de elevação em comparação com o mesmo período de 2010.

Em 2010, o déficit da balança comercial no setor têxtil chegou a US$ 3,524 milhões, segundo dados compilados pela Abit do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Na avaliação de Pimentel, apesar de haver uma lenta recuperação das exportações, o principal desafio é o avanço em velocidade superior da entrada de mercadoria vinda de fora do país.
Em 2010, 97% do faturamento do setor têxtil, segundo a Abit, veio das vendas para o mercado interno. A previsão, segundo Pimentel, é de que as exportações tenham uma alta entre 8% e 10% na comparação com 2010. Não-tecidos, tecidos com técnicas especiais e vestuário com alto valor agregado podem contribuir para o crescimento de forma mais significativa, na avaliação do diretor.

O preço do algodão, que já acumula 110% de aumento nos últimos 12 meses, também está na agenda de desafios do setor para 2011. Para Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de Blumenau e Região (Sintex), o aumento da matéria-prima é a principal nuvem negra que paira sobre o setor este ano.

“Esse aumento todo ainda não chegou ao consumidor final e não sabemos ao certo como ele vai reagir”, opina. Segundo Kuhn, o preço do algodão passou de R$ 2,50 o quilo em janeiro de 2010 para R$ 6,50 a R$ 7 este ano. E quanto mais básico o produto, maior o reflexo desta alta no preço final.

Segundo Pimentel, pode ser necessário pedir a extensão, por mais um mês, do benefício concedido pelo governo federal de desoneração da alíquota de importação do algodão. O prazo previsto pela medida era até maio. Segundo o diretor, apenas 130 mil toneladas das 250 mil toneladas previstas na liberação da medida foram contratadas pelas empresas até o momento. Atrasos no embarque da mercadoria nos Estados Unidos estariam dificultando o processo. A expectativa é que a safra brasileira da pluma, que começa a ser colhida em junho, seja recorde e ajude a amenizar os problemas da alta.

Apesar de 2010 ter sido um ano recorde em investimentos, com US$ 2 bilhões aplicados – e crescimento sobre os US$ 867 milhões investidos em 2009 -, a previsão para 2011, segundo Pimentel, é que sejam aplicados pelo menos US$ 1,7 bilhão. “A indústria têxtil nunca parou de investir e isso é fundamental para a sua competitividade”, sustenta Pimentel.

Com a previsão de crescimento menor, a expectativa é gerar 40 mil postos de trabalho em 2011, aquém dos 63 mil novas vagas geradas no ano passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Fonte: Abrapa

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