Algodão: a excelência da pluma brasileira

Publicado em: 16 de julho de 2014

Pode-se dizer que, no geral, os dados sobre a produção brasileira de algodão são positivos. A Abrapa aponta o algodão brasileiro como um dos melhores do mundo. O país é superado apenas pela Austrália e pela Grécia.

A boa classificação da fibra do nosso algodão é atribuída às variedades de sementes de alto padrão usadas no plantio, aliadas à capacitação dos produtores. É isto que tem garantido as boas perspectivas para o setor na safra 2014/2015, de acordo com a Abrapa.

O presidente da instituição, Gilson Pinesso, acredita que a fibra, ainda por muito tempo, dará lucro e será importante para a economia brasileira. “Movimentamos cerca de R$ 19 bilhões na cadeia do algodão. Isso é maior que o PIB do Paraguai. Não há possibilidade de sumirmos ou diminuirmos (esta participação). Vamos, sim, nos manter e crescer”, afirmou Pinesso, no final de maio passado, durante evento do setor.

Pragas ern pauta – Diante desta perspectiva de crescimento, a Bahia se apresenta como um estado importante, pois os produtores de algodão do oeste baiano ainda comemoram o acordo fechado na segunda-feira (16 de junho), em Brasília, entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRA-PA), para ações de fortalecimento da parceria com cotonicultores da região.

Material para enfardamento do algodão será produzido na Bahia

Deve ser inaugurada, em Feira de Santana, já em agosto deste ano, a primeira fábrica brasileira a produzir o módulo cilindro de RMW (Round Module Wrap), material que embala o algodão na própria máquina colheitadeira. É a única empresa deste material no mundo.

A Tama decidiu se instalar no Brasil para atender o mercado brasileiro e sul-americano. A unidade baiana será a primeira do país a produzir o módulo cilíndrico de enfardamento (Round Module Wrap), que embala o algodão na própria colheitadeira. Atual-mente, este produto é importado pelo cotonicultores, o que encarece o valor final, além de atrasar a negociação do produto.

O agricultor Walter Horita, que tem plantação de algodão no Oeste baiano, reconhece a importância da instalação da fábrica na Bahia, mas ressalta que mesmo com uma fábrica no Brasil, os produtores ainda ficarão dependentes de apenas um fornecedor. “Isto não é bom para os cotonicultores”, avalia.

Horita explica que o custo atual deste produto é muito alto e tem um impacto muito forte no custo da colheita. Além disso, a importação do insumo implica em (perda de) tempo, já que, de acordo com os cotonicultores, o produtor chega a levar quase dois meses para recebê-lo. “A nossa expectativa é que o preço do produto diminua ao menos em 30% em relação ao atualmente praticado, além de diminuir muito o tempo de chegada, após a realização do pedido”. Com a fábrica instalada em terras baianas, estima-se um prazo de até dois dias para o recebimento do material.

A Tama é uma empresa de origem israelense que atua no setor de indústria plástica de embalagens para agricultura. Possui quatro fábricas em Israel, quatro na Europa e 13 empresas de distribuição.

As obras de implantação da empresa israelense Tama, no Centro Industrial do Subaé, em Feira de Santana, na Bahia, estão sendo realizadas em uma área de 50 mil m2. Um investimento de R$ 40 milhões.

A Embrapa está concluindo uma série de estudos sobre as características, desafios, problemas e pleitos dos produtores da região de MAPITOBA, que inclui áreas dos estados do centro-oeste brasileiro, entre elas, o Oeste baiano. A ideia é arrefecer os problemas oriundos das pragas que enfraquecem a produção de algodão na região.

A grande preocupação dos cotonicultores baianos é dar sustentabilidade à cultura do algodão, reduzindo os custos de produção a partir do fortalecimento da pesquisa e da inovação no combate às pragas que castigam o campo.

Pesquisas

Para a coleta dos dados no Oeste baiano a Embrapa destacou 33 pesquisadores que estão na região para fazer avaliação in loco dos efeitos das pragas e das doenças que atacam as culturas do algodão, além do milho e da soja.

Presidente acertou com o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Maurício António Lopes, e a diretoria técnica da instituição, os próximos passos para o fortalecimento da parceria com os produtores de algodão do oeste da Bahia, fortemente prejudicados pela alta incidência de pragas.

Para o presidente da Fundação Bahia, Ademar António Marcai, que participou do encontro, “a geração de emprego e renda que vem da produção agrícola pode ser comprometida devido ao surgimento de novas pragas que atacam especialmente o algodão e a soja na região”.

Também presente à reunião, a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABA-PA), Isabel da Cunha, disse que a cultura do algodão está enfrentando um “ataque de pragas e doenças que só poderá ser erradicada com uma ação conjunta da EMBRAPA e das associações de classe e dos produtores. Teremos de encontrar soluções para reduzir custos e aumentar ainda mais a produtividade”, propôs.

No Mundo

O algodão está entre as mais importantes culturas de fibras no mundo. Todos os anos, uma média de 35 milhões de hectares de algodão é plantada por todo o planeta. A demanda mundial tem aumentado gradativamente desde a década de 1950, a um crescimento anual médio de 2%. O comércio mundial do algodão movimenta anualmente cerca de US$ 12 bilhões e envolve mais de 350 milhões de pessoas em sua produção, desde as fazendas até a logística, o descaroçamento, o processamento e a embalagem. Atualmente, o algodão é produzido por mais de 60 países, nos cinco continentes. Cinco países – China, índia, Estados Unidos, Paquistão e Brasil – despontam como os principais produtores da fibra.

No Brasil

Nas últimas três safras, com volume médio próximo de 1,7 milhão de toneladas de pluma, o país se coloca entre os cinco maiores produtores mundiais, ao lado de países como China, índia, EUA e Paquistão.O Brasil é o terceiro país exportador e o primeiro em produtividade em sequeiro. O cenário interno também é promissor: somos o quinto maior consumidor, com quase 1 milhão toneladas/ano.

QUANTO VALE O ALGODÃO?

Os preços mínimos para algodão em caroço, algodão em pluma, caroço de algodão e semente de algodão foram publicados no Diário Oficial da União (DOU), através da Portaria n° 231, assinada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller. Os valores são válidos para a safra de verão 2013/14 e, nas regiões Norte e Nordeste, para a safra 2014. Nas regiões Sul, Sudeste e no Sul da Bahia, os preços mínimos que vigoram entre março deste ano e fevereiro de 2015 são: de R$ 54,90 para o produto em pluma Tipo SLM 41.1 (15 Kg); de 19,20 para algodão em caroço (15 kg); de R$ 3,15 para caroço de algodão (15 kg) e de R$ 0,21 para grão/caroço (kg) e R$ 0,9161 para sementes (kg). Os mesmos valores e produtos valem para as regiões Centro-Oeste e Norte, apenas alterando o período de vigência para maio deste ano e abril de 2015, e Norte e Nordeste (menos Sul da Bahia), valendo entre os meses de julho deste ano e junho de 2015.

Fonte: A Tarde

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