Algodão deve puxar venda de colheitadeiras até 2012

Publicado em: 22 de fevereiro de 2011

O aumento de 56% na área plantada com algodão no Brasil na safra 2010/11 provocou uma alta de 100% na demanda por colheitadeiras em relação ao ano passado, o que demonstra a necessidade de planejamento para o próximo ciclo, uma vez que a expectativa é de que a produção da pluma continue em alta. As duas empresas que atendem o mercado brasileiro no segmento – John Deere e Case IH – projetam aumento das vendas mas dizem trabalhar no limite – o equipamento é importado e a operação demanda prazo. Se houvesse maior disponibilidade, reconhecem que poderiam vender ainda mais.

Devido à perspectiva de fortes ganhos, neste ano o Brasil elevou sua área de plantio para 1,3 milhão de hectares, contra apenas 835,7 mil hectares em 2009/10, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção deverá atingir um recorde de 1,95 milhão de toneladas de algodão em pluma, contra 1,19 milhão de toneladas na safra passada. João Pontes, diretor de marketing da John Deere para América Latina, informa que isso provocou um aumento de 100% na procura por colhedoras da pluma em relação a 2010. “Estimamos que algo em torno de 90 a 100 colhedoras foram vendidas no ano de 2011. Estamos falando do dobro em relação ao ano passado”, disse ele.

O equipamento da John Deere, responsável por cerca de 90% das vendas de colheitadeiras de algodão no Brasil, não é produzido no país – a importação é feita dos Estados Unidos. São dois modelos comercializados por aqui, um que realiza o processo de maneira tradicional e outro em que o maquinário já faz também o enfardamento do algodão, uma novidade neste ano e que já está sendo comercializada. Pontes admite que o número de vendas neste ano poderia ser até maior, mas que a empresa atingiu um limite. “Havia sim a possibilidade de aumentar esse parque em função da continuidade dos altos preços, mas esse é o limite que nós conseguimos pedir lá fora para trazer a tempo da colheita neste ano”, disse ele.

Pontes refere-se à alta consistente dos preços internacionais do algodão desde o ano passado, diante do cenário de forte demanda. Depois de registrar por várias vezes a maior cotação em 140 anos, a pluma atingiu hoje o recorde de 197,02 centavos por libra-peso no início da tarde. No mercado interno, os preços também vêm batendo sucessivos recordes.

A Case IH, que junto com a John Deere forma a dupla que comercializa esse tipo de equipamento no Brasil, também apontou crescimento de 100% nas vendas em relação ao ano passado. “Sem dúvida houve um aquecimento pela procura das máquinas colhedoras de algodão, porque o produtor quer investir mais em tecnologia, procurando ampliar a produção”, disse Eligiane Stabile, especialista de produto da empresa que pertence ao grupo CNH.

“O número de máquinas está bastante defasado, mas o produtor também está aproveitando para renovar a frota e a tendência é de que o mercado continue aquecido nos próximos dois anos”, completou ela, explicando que as máquinas da Case IH também precisam ser importadas dos EUA e que, se um pedido for feito agora, não será possível atender a tempo de a máquina ser usada nesta colheita. Em Mato Grosso, principal estado produtor com 669 mil hectares neste ciclo segundo a Conab, os trabalhos de coleta no campo devem começar na segunda quinzena de maio.

Planejamento

Esse cenário evidencia a necessidade de um planejamento melhor para o ano que vem, segundo Haroldo Cunha, presidente do Instituto Brasileiro do Algodão e ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Segundo ele, com a limitação de maquinário provavelmente será necessário estender o período de colheita.

“Neste ano temos máquinas para colher, mas já vamos trabalhar um pouco mais apertado. E isso mostra que há a necessidade de planejar o crescimento para o ano que vem. Não chega a haver uma falta, mas não vai ter folga. Para um outro aumento como imaginamos em 2012 é necessário pensar em investimentos para colheitadeiras e para usinas de descaroçamento”, disse ele, acrescentando que o país não tem dados sobre o número de maquinários disponíveis.

Apesar de considerar que ainda é cedo para se falar sobre a próxima safra, Cunha acredita que se os preços se mantiverem altos e a rentabilidade em relação à soja for positiva, tanto a área plantada quanto a produção podem aumentar de 10% a 15% para 2011/12. Ele lembra que as colheitadeiras podem ser transportadas de uma lavoura a outra e são alugadas, ainda que grupos grandes prefiram investir em compras para evitar ficar à mercê de prestadores de serviços. Mas em relação ao beneficiamento, o processo de planejamento é mais complexo, porque depois da negociação de compra ainda há o período de montagem.

“A capacidade instalada no Brasil gira em torno de 2 milhões de toneladas. Mas algumas máquinas não estão nos melhores lugares após esse aumento e muitas são antigas, de baixo rendimento e alto consumo de energia. Os produtores que estão crescendo demandam máquinas mais modernas”, destaca ele.

Para Pontes, da John Deere, a expectativa é ainda melhor para 2012 e a ideia é fazer um planejamento com os clientes. “Se o nível de preço de hoje se mantiver no mercado, teremos mais máquina s. Vamos ter condições de planejar junto com os clientes mais de acordo com a real necessidade deles. Acreditamos em um aumento ainda significativo na oportunidade de venda para 2012”, projeta ele.

Fonte: Abrapa

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