Algodão dobra de área e volta a ser ouro branco

Publicado em: 1 de dezembro de 2010

A recuperação dos preços da fibra no mercado internacional está levando agricultores a uma retomada no plantio do algodão. A área plantada deverá ficar entre 1,08 milhão de hectares, 29,3% a mais que na safra passada, e 1,14 milhão, 36,9% a mais, conforme a Conab. A produção deverá oscilar entre 2,56 milhões (aumento de 39,1%) e 2,72 milhões (mais 47,5%) de toneladas de algodão em caroço. A retomada ocorre num momento de cenário favorável para o produtor, segundo os principais indicadores: os estoques internacionais estão baixos, por causa da frustração de safras anteriores, e a demanda se mantém aquecida.

Boa expectativa. O produtor Derks e o agrônomo Silva em área cultivada em Paranapanema

O maior porcentual de acréscimo de área é em São Paulo, onde a área cultivada saltou de 9.200 hectares para 20 mil, ou 115,5% a mais. Conforme o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), a elevação ocorreu principalmente nas regiões de Itapeva e Avaré, no sudoeste paulista, que juntas, detêm 86% da produção estadual.

Na área de Avaré, o plantio atingiu 14.500 hectares, ante 6.300 da safra anterior. Em Itapeva, foi de 700 para 2.500 hectares. As grandes extensões cultivadas estão na zona de influência da Cooperativa Agro Industrial Holambra, entre Paranapanema, Itapeva e Itaí. Só os cooperados ampliaram de 4 mil para 12 mil hectares a área.

Conforme o gerente agrícola Renato Yassuda, houve a reocupação de antigas áreas de cultivo que, por causa dos preços baixos nas últimas safras, haviam sido destinadas a outras lavouras. Os administradores da cooperativa têm motivo para comemorar a volta por cima do algodão. Nos últimos anos, a moderna unidade de beneficiamento instalada em Holambra, com capacidade para produzir 6 toneladas de pluma/hora, operava com capacidade ociosa.

Tradição. O produtor Jacobus Derks acompanha o crescimento do algodão nos 480 hectares plantados nas Fazendas Amarela Velha e Santa Fé, entre Itapeva e Paranapanema. Produtor tradicional, ele nunca deixou de cultivar a fibra, mesmo quando o preço estava baixo. Nesta safra, a área é o dobro da que foi colhida no ano passado. “O algodão é uma cultura cara e não dá para trabalhar sem planejamento”, diz. Produtor de outros grãos, como feijão, soja, trigo e milho, ele toca as lavouras com os dois filhos agrônomos, Tomas, de 26 anos, e Tiago, de 28. Derks conta que o algodão se encaixa muito bem no sistema de rotação de lavouras. “Nesta área colhemos cevada, na outra, milho para semente.”

Como o ciclo da planta é longo, de sete meses, o custo de produção passa dos R$ 5 mil por hectare. Ele espera colher 300 arrobas de algodão em caroço, ou 120 de pluma beneficiada, por hectare. Mais da metade da produção teve a venda antecipada à média de R$ 70 a arroba. Na safra passada, ele vendeu a R$ 45. “Vamos ter dois ou três anos bons para o algodão.”

O agrônomo Vandir Daniel da Silva diz que o algodão exige alta fertilidade. “Geralmente o produtor planta milho e soja por quatro ou cinco anos e só depois entra com o algodão na mesma área.” Na região de Paranapanema, a cultura é de padrão internacional: além dos tratos culturais avançados, os produtores usam máquinas sofisticadas do plantio à colheita. A qualidade das fibras está entre as melhores do país. “É produto de exportação, com a vantagem de entrar no mercado entre maio e junho, um mês antes do que as outras regiões.”

Fonte: Abrapa

Compartilhar:
;