Algodão: Mato Grosso amplia produção de fibra em 56% em 2011

Publicado em: 16 de junho de 2011

Com preços mais elevados do produto no Brasil, agricultores do estado investem na expansão da safra, com área 72% maior que a registrada em 2010

O alto preço do algodão visto nos últimos meses parece mesmo ter animado os produtores do Mato Grosso. Mesmo com problemas climáticos, a safra 2010/2011 do estado deve ficar 56% maior, em uma área de aproximadamente 723 mil hectares. Já os preços, que causaram euforia no setor, tendem a continuar oscilando, com recuo nas cotações brasileiras entre os meses de junho e julho.

O incremento na produção no Mato Grosso é o grande destaque da agricultura do estado, que deve colher nessa safra mais de 2,2 milhões de toneladas do algodão em caroço, que representa um incremento de 56% ante a safra anterior que foi de 1,43 milhão de toneladas. Segundo o levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apesar do aumento da safra, a produção do algodão no estado deve ficar cerca de 9% abaixo do esperado para esta safra. “No início da safra, com o aumento de 72% da área, era previsto que a produção de algodão em caroço, ficasse em 2,46 milhões de toneladas Como já se sabe, essas perdas foram causadas pela falta de chuvas no algodão de segunda safra, especialmente os plantados perto do final da janela de plantio”, afirmou o superintendente do Instituto, Otávio Celidônio.

Para ele, a principal razão para a ampliação de área, que passou dos 419 mil hectares na temporada 2009/2010, para 723 mil hectares nessa safra, foram os altos preços do produto, que trouxeram agricultores que não plantavam algodão, e aqueles que já plantaram, e investiram na ampliação. Celidônio estima que cerca de 200 mil hectares da ampliação do algodão foram oriundas da soja, que por sua vez abriu outras áreas para seu cultivo. “Em termos de área tivemos um incremento de uns 200 mil hectares de algodão, que vieram de áreas de soja. Muitos produtores migraram suas áreas de soja para o algodão até em decorrência do clima e das incertezas sobre a produção. Tivemos inclusive produtores que secaram a área de soja para plantar algodão”, afirmou Celidônio. Por fim, o superintendente do Imea acredita que na safra 2011/2012 a produção de algodão do estado irá crescer ainda mais. A razão para isso, segundo ele, é que a cultura deve seguir pagando bem, e dando uma boa rentabilidade ao produtor. “Acredito que para a próxima safra a área de algodão deve crescer, pois os preços ainda seguem muito bons, e muito produtores que plantavam antigamente podem voltar a plantar”, confirmou.

Preços

Enquanto o otimismo toma conta do setor, os preços do algodão seguem oscilando no mercado nacional e internacional. No Brasil os preços que chegaram a atingir a marca de R$ 132 a arroba em fevereiro deste ano, recuaram desde então, e estão cotados hoje a R$ 72 na média deste mês. Segundo o analista da Safras & Mercado, élcio Bento isso se deve a entrada da safra brasileira, e deve perdurar até o final do próximo mês. “Os preços do algodão vivem uma montanha russa. Nos próximos meses vemos uma tendência de mercados enfraquecidos, pois ainda temos muito produto para ingressar no mercado. Entre junho e julho a expectativa é que os preços do algodão atinjam patamares abaixo dos R$ 70 por arroba”, garantiu Bento.

Apesar do recuo o analista confirmou que os índices de preços seguem mais altos que os números registrados no ano passado. E até o final do ano devem seguir dessa forma. Para Bento o que está sustentando os preços no Brasil ao as cotações internacionais. “O que deve impedir quedas mais acentuadas no Brasil nesse período é o comportamento do mercado internacional que está mostrando firmeza. Após agosto a safra do hemisfério norte começará a entrar e ai os preços internacionais devem recuar, com isso os preços no Brasil não devem se alterar muito nesse final de ano não. Entretanto os preços do produto nesse ano tendem a ficar mais altos que os vistos no ano passado”, frisou ele.

Para se ter uma ideia, o preço do algodão em São Paulo em junho do ano passado era de R$ 50 a arroba, no mesmo período deste ano o valor saltou para R$ 72 a arroba, ou seja, 43% mais alto.

Fonte: Abapa

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