Com maior renda, agricultor opta por antecipar compras

Publicado em: 24 de agosto de 2011

A safra 2011/2012 do País terá grande qualidade se depender das compras de insumos realizadas neste ano. A procura por sementes melhores deve crescer mais de 5%. Com a alta nos preços do milho e da soja na safra 2010/2011, a corrida por defensivos, fertilizantes e sementes para a safra de verão foi antecipada pelos produtores brasileiros, que estão mais capitalizados. Além de investir mais na compra de agroquímicos, os agricultores apostaram principalmente no incremento de tecnologias às suas lavouras.

A busca por sementes e agroquímicos para a safra 2011/2012 já está praticamente finalizada, isso porque com os altos valores obtidos com a comercialização da safra anterior o produtor brasileiro optou por antecipar as compras para garantir a boa relação de troca, vendas da produção mais cara e compra de insumos mais em conta. “Eu já comprei tudo, tanto as sementes quanto os insumos. Mesmo porque tive um grande retorno com a venda de soja, e tive oportunidade para comprar as sementes. Os insumos eu comprei via financiamento rural. Este ano tive muito retorno e resolvi antecipar as compras para garantir preços melhores”, afirmou o produtor rural, da região de Santo Ângelo no Rio Grande do Sul, José Antonio, da Granja São José.
      
A exemplo do produtor gaúcho, o Estado de Santa Catarina também resolveu antecipar as compras. Segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina (Fecoagro), mais de 70% dos insumos necessários para as lavouras do estado já foram comprados, que demonstra o apetite de investimentos do agricultor brasileiro. “Aqui no Estado de Santa Catarina também houve uma antecipação este ano, principalmente com os defensivos e fertilizantes. O produtor que obteve um preço melhor para os grãos, para garantir, fechou os negócios de venda e já comprou os insumos para o próximo plantio. No caso da semente de milho já houve compras na casa dos 80%, e a soja e outros grãos devem ter fechado com 70%”, contou o diretor-executivo da entidade, Ivan Ramos ao DCI.
      
Essa relação de troca, no qual o produtor compromete uma parte de sua produção para trocar por insumos, levou o Estado de Mato Grosso a registrar a melhor margem deste tipo de comercialização da história, lembrou o gestor do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca. “Notamos que a relação de troca foi uma ferramenta bastante usada no estado, uma vez que os fertilizantes não estavam com grandes variações, e o dólar em queda, com a saca valorizada, a relação de troca chegou a ser a melhor da história. Em junho e julho foram notados os maiores volumes de compras de insumos para se preparar para a próxima safra”, confirmou ele.
      
Até julho, o estado já havia consumido mais de 94% das sementes necessárias para o plantio da safra de verão e 90% dos fertilizantes e defensivos necessários. “Com a alta no preço dos fertilizantes, e pela estabilidade na soja e no milho, a relação de troca deixou de ser vantajosa e diminuiu a comercialização”, garantiu ele.

A alta nos preços dos grãos também levou os agricultores brasileiros a investirem mais em tecnologias para ampliar a produtividade na lavoura. “Notamos um grande aumento nas vendas de sementes certificadas no País, houve uma grande antecipação, e uma corrida por sementes que possuem mais tecnologia, principalmente pela questão da capitalização do produtor rural”, comentou Narciso Barison, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem).
      
Segundo ele, a busca por sementes certificadas de soja saltou de 64% no ano passado para mais de 70% este ano. Já o milho que possui um índice superior a 90% no uso de sementes certificadas a opção foi pela maior tecnologia. “Hoje o produtor está optando pelo uso de tecnologias para ampliar a produtividade. No milho a comercialização já é superior a 90% deste tipo de semente, entretanto a busca por tecnologias mais eficientes tem se tornado uma realidade, pois já usamos muita semente certificada”.
      
Para o gerente de Sementes da Cooperativa Integrada, do Paraná, Kazuo Jorge Baba, a antecipação das compras demonstrou que a aposta para a próxima safra será o milho. “O milho que teve grandes patamares de preços este ano e deixou os produtores bastante otimistas em relação à safra de verão. A demanda por sementes aumentou mais de 35%”, garantiu Baba.
      
A cooperativa que produz a semente de soja usada pelos cooperados afirmou que a busca por insumos já superou a marca de 90%, e que o estado paranaense terá uma grande sobra de sementes de soja, já que a opção dos agricultores foi o milho. “A busca por insumos agrícolas foi bastante aquecida. Esse foi um bom ano para o produtor brasileiro e os preços estavam muito altos, e isso ampliou a renda do produtor que se preparou para a próxima safra”.

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