Compras do campo voltam ao recorde

Publicado em: 15 de julho de 2010

O volume bate o recorde registrado em 2007, quando foram entregues ao consumidor 24,6 milhões de toneladas. Segundo Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot Consultoria, o processo de recuperação do setor, pós-crise econômica mundial, será puxado pela expectativa de avanço na safra de grãos brasileira. “A compra de fertilizantes pode variar de 23 milhões de toneladas a 25 milhões de toneladas, tudo vai depender também dos preços lá fora e de variação cambial”, diz. A cana-de-açúcar (voltada para o etanol), a previsão de ligeiro aumento na área plantada de soja e a recuperação no plantio de algodão devem ditar o ritmo de crescimento na comercialização de fertilizantes. Estatística da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostra que em 2009, o País distribuiu no mercado interno 22,47 milhões de toneladas do produto. Um avanço de apenas 0,18%, se comparado ao volume vendido em 2008. O Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, atrás da líder China, que é seguida no ranking, pela índia e pelos Estados Unidos. Para este ano, o setor espera comercializar mais de um milhão de toneladas, ante 2009. “Por outro lado, importamos 65% dos nutrientes usados para fabricação”, afirma Carlos Florence, diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (Ama). De acordo com Filho, o Mato Grosso é o maior estado comprador de fertilizantes, seguido pelo Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. “São os estados que mais produzem grãos”, afirma. O volume de fertilizantes absorvido em Mato Grosso, para a temporada 2010/2011, deve chegar a cinco milhões de toneladas. O que responde, de acordo com estatística da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), por cerca de 20% da aplicação nacional, se o montante de vendas ficar na casa dos 23 milhões de toneladas. Dados da Ama apontam ainda que o País importa cerca de 90% de potássio, 50% de fósforo e 65% de nitrogênio. Em 2009, as importações brasileiras de fertilizantes somaram 11 milhões de toneladas. “Este ano devemos importar mais, já que em 2009 o estoque de passagem era grande”, diz o diretor executivo. Para Florence, as importações representam um custo anual de aproximadamente US$ 5 bilhões no bolso dos agricultores brasileiros. “Se importamos 13 milhões de toneladas, por exemplo, a um custo médio de US$ 400 a tonelada, teremos o peso da dependência internacional”, diz. Segundo o analista, nos últimos dois meses os preços de fertilizantes caíram uma média de 8% a 9%. A queda nos valores do nitrogênio variou de 5% a 10%, e do componente fósforo, de 1% a 2%. “Isso já pode ter causado alguma antecipação nas compras”, diz. Para Filho, em setembro, quando os produtores se preparam para a safra 2011, o aumento na procura pelo produto deve puxar os preços. “Se subir vai ser dentro dos patamares da queda, entre 8 e 9%”, estima o analista, reiterando que não há tendência de alta como nos níveis de 2008. De acordo com levantamento da Scot, em junho de 2008, a ureia chegou a custar R$ 1.318,20, o cloreto de potássio R$ 1.503,61 e o super simples R$ 1.026,03. No mesmo período em 2010, a ureia estava cotada a R$ 897,65, o cloreto de potássio a R$ 1106,56 e o super simples R$ 585,63. “A previsão de safra cheia em cultivo nos Estados Unidos pode ainda pressionar os preços.” Rio Grande do Sul O Banrisul e o Sindicato da Indústria de Adubo do Rio Grande do Sul (Siargs) firmaram um acordo que prevê a extensão do Banricompras Cartão Banrisul Crédito Rural às empresas filiadas ao Sindicato da Indústria. Segundo Bruno Fronza, diretor de Crédito do Banrisul, os produtores que costumam comprar os fertilizantes diretamente da indústria poderão utilizar o meio eletrônico de pagamento. “é importante que a indústria estreite relações com o banco dos gaúchos e com os seus clientes”, conclui Torvaldo Marzolla Filho, presidente do Siargs.

Fonte: Abrapa

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