Cotonicultores não se negam a pagar royalties mas o valor deve ser compatível com a eficácia da tecnologia

Publicado em: 31 de agosto de 2017

Que os royalties são necessários para garantir a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias para as lavouras, o cotonicultor não discute, mas, em algumas situações, questiona o valor e a forma de pagamento. Esse foi o tema central do painel que aconteceu na tarde de hoje (30), na programação do 11° Congresso Brasileiro do Algodão (11° CBA), realizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) até a próxima sexta-feira (1°) em Maceió/AL. O painel foi coordenado pelo presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e membro do Conselho de Administração da Abrapa, Alexandre Pedro Schenkel, com participação do líder do negócio Algodão da Monsanto do Brasil, Marcio Menezes Boralli, e o responsável pela área de sementes de algodão da Bayer, Warley Palota.

Durante o painel, Schenkel, apresentou dados inéditos, levantados pela Ampa e pelo Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), que questionaram a eficiência das biotecnologias mais utilizadas por cotonicultores de Mato Grosso e de outros estados, como Bahia e Goiás.

Segundo Schenkel, o custo médio em unidades produtoras de Mato Grosso com uso de tecnologia convencional na safra 2016/17 é de US$ 843 por hectare. Esse total considera os gastos com manejo de pragas e de plantas daninhas.  “Quando se adotam tecnologias transgênicas, com a inclusão do pagamento de royalties por comercialização, os valores variaram de US$ 824/ha a US$ 790 por hectare”, disse.

O presidente da Ampa também mostrou dados que demonstram a perda de eficiência das tecnologias transgênicas disponíveis no mercado em relação ao controle das lagartas Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera,. No caso da primeira,  a taxa de sobrevivência, quando é usada a tecnologia WideStrike (WS), chega a 86%.  Em relação a H. armigera, essa é estimada em 36%, segundo pesquisadores do IMAmt.

Schenkel ainda apresentou dados mostrando o crescimento de plantas daninhas resistentes às biotecnologias disponíveis no mercado.  Abordou outros problemas enfrentados pelos produtores, como a maior pressão de pragas não alvo dessas tecnologias em decorrência da migração do cultivo do algodoeiro para a segunda safra (atualmente, mais de 80% do algodão de Mato Grosso são cultivados após a colheita da soja).

Diante disso, Schenkel questionou os representantes das empresas presentes na sala temática se há previsão de reduzir os royalties cobrados pelo uso das tecnologias transgênicas, em função da perda de sua eficiência, considerando os altos custos de produção do algodão. Apesar disso, ele enfatizou a importância do produtor pagar os royalties para garantir a continuidade da pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para a cultura.

Diálogo

O posicionamento de Alexandre Schenkel foi endossado pelo presidente da Câmara Temática de Insumos Agropecuários (CTIA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e vice-presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato. “Nós, cotonicultores, não discutimos o pagamento dos royalties. Eles estão atrelados a tecnologias que nos trazem benefícios e têm um preço a ser pago. Porém, temos de questionar os valores, pois vemos algumas distorções”, concluiu.

Imprensa Abrapa/ CBA

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