CTIA reúne-se pela primeira vez após o advento da Covid-19

Publicado em: 23 de junho de 2020

Câmara Temática de Insumos Agropecuários discute os efeitos da pandemia no abastecimento de produtos para os diversos setores do agro

A primeira desde o decreto da pandemia da Covid-19, a 104ª Reunião da Câmara Temática dos Insumos Agropecuários (CTIA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizada online, na tarde desta segunda-feira (22), abordou os reflexos da crise sobre o suprimento de insumos para a agricultura brasileira, desde químicos e fertilizantes, até máquinas e logística. Os insumos, como pesticidas e fertilizantes, são considerados imprescindíveis para a agricultura tropical, e como grande parte dos princípios ativos desses produtos, são provenientes da Ásia, os diversos setores do agro temiam o desabastecimento, o que não se confirmou. Nos últimos anos, a presidência da CTIA tem sido da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), representada pelo vice-presidente Júlio Cézar Busato, que também preside a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).

Embora tenha havido queda geral da demanda, sobretudo em cadeias produtivas como a do algodão e da cana-de-açúcar, em setores como o de insumos de máquinas, implementos, silos e irrigação, por exemplo, a retração foi menor que a esperada, em torno de 6%. Em logística para embarque de pluma, o Brasil bateu recordes em volume mensais de exportações este ano, como em janeiro, quando 309 mil toneladas de algodão partiram para o exterior, e, no caso da soja, os registros são de remessas de um milhão de toneladas ao dia para o mercado externo.

Temor do desabastecimento

Uma das primeiras incertezas a reboque da Covid, o desabastecimento de alimentos nas prateleiras, não se concretizou, mas o perigo da falta de fertilizantes e defensivos permaneceu no radar de Governo e produtores diariamente. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Eduardo Pacifici Rangel, o suprimento de insumos agropecuários foi acompanhado de perto, tanto no âmbito do Mapa, quanto no Comitê de Crise do Governo, como um tema transversal à pandemia,

“Prospectamos os gargalos e concluímos que não eram sistêmicos. Pudemos intervir pontualmente, muitas vezes, com o apoio do comitê na Casa Civil. Com a produção agrícola a todo vapor e o início do período de compra de insumos para a safra subsequente, precisávamos dirimir os riscos de interrupção de abastecimento por problemas logísticos, e, a partir da certeza de que o problema estava bem monitorado, pudemos levantar os olhos para as questões econômicas, de exportação”, disse Rangel. Entre as boas notícias do período, o secretário comemorou o que chamou de “a melhor relação de troca entre fertilizantes e soja dos últimos 15 anos”, o que, em sua visão, é um indicador importante pois “mostra o apetite do produtor para investir no plantio, com efeito multiplicador em todas as cadeias”, afirmou.

Mais crédito

Presente à reunião, o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, destacou a importância do Plano Safra 2020/2021, lançado na última semana, para minorar os impactos da pandemia na cotonicultura. “Em nome de todas as associações estaduais de produtores de algodão, a Abrapa novamente agradece o empenho da ministra Tereza Cristina e de sua equipe para aumentar o limite de crédito e possibilitar a retenção de estoques, com juros a 6% ao ano”, disse. De acordo com Portocarrero a medida deixa o produtor mais livre para segurar um pouco a comercialização de seus produtos, até que as coisas se normalizem. “Hoje o mercado na indústria nacional e internacional está parado. Não temos ainda notícias de cancelamentos de contratos, mas sabemos que o adiamento de embarques já é uma realidade”, argumentou Portocarrero. O Plano Safra foi elogiado por todas as demais cadeias produtivas representadas na reunião da CTIA.

Persistência

Em suas considerações finais, o presidente Júlio Busato lembrou a persistência do agricultor brasileiro que, com tecnologia, dedicação e união se manteve operante e tem sido o grande pilar da economia nacional. “A palavra de ordem é cautela. Certamente não deveremos investir em aquisições de terras, maquinário e expansão de áreas, mas em tecnologia para o cultivo e a produtividade continuaremos investindo. Parabéns aos ministérios da Agricultura e de Infraestrutura pelo trabalho. Nós, do agro, não desistimos, nessa luta para garantir o abastecimento da nossa população, e seguimos também mandando nossos produtos para o mercado externo, ajudando a trazer mais divisas para o Brasil e segurança alimentar para o mundo”, afirma Busato.

23.06.2020
Imprensa Abrapa

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