Cultura do algodão volta a ganhar espaço no país

Publicado em: 29 de março de 2013

Os bons ventos voltaram a rondar a cultura do algodão. O produto tão frágil está com preços vigorosos, o maior em 140 anos. Isso porque o algodão está em falta no mercado internacional. A região central de São Paulo já teve muita tradição na cultura, mas as pragas e os baixos preços das últimas décadas minaram a produção. Com a recuperação dos preços, alguns produtores se animaram. Depois de seis anos plantando feijão, milho e soja, o agricultor Carlos Simarelli voltou a optar pelo algodão. Ele plantou 280 hectares na fazenda em Santa Cruz das Palmeiras: “Hoje o preço do algodão está muito bom”.

A colheita vai começar em maio e a perspectiva é de boa produção. “Essa variedade está rendendo em torno de 40%, quase 10% a mais que as variedades antigas”, fala Simarelli.

O município de Leme já foi um grande produtor de algodão. Na década de 60, o município tinha 11 mil hectares da cultura, hoje, não tem 500. A maioria dos produtores migrou para a cana. “Se o preço mantiver os bons patamares como estão agora, acredito que possa haver uma reversão para o algodão novamente”, fala o engenheiro agrônomo de Leme, Fabio Pulz.

No município está uma das apostas para o retorno da cultura no Estado, um campo experimental de uma pesquisa do Instituto Agronômico de Campinas. A técnica busca melhorar a produtividade por meio do plantio adensado e a idéia é de crescimento vertical: produzir mais em menos espaço.

“O plantio adensado é de 45 centímetros e o convencional é de cerca de um metro, entre linhas. Nós temos menor número de frutos por planta, em torno de três a cinco frutos, mas teremos maior número de frutos por área”, explica o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas, Luiz Henrique Carvalho.

No fim das contas, a produção pode aumentar em até 30%. De acordo com Carvalho, está ocorrendo uma diminuição no ciclo da cultura, em torno de 150 dias, enquanto o convencional é em torno de 170 dias para colher: “É uma tecnologia que o pequeno produtor também pode usufruir”.

As plantas do experimento são da mesma variedade, as alturas são diferentes por causa da busca da melhor combinação entre adubação e reguladores de crescimento. Para a produção adensada, tamanho é documento, até certo ponto. A planta não pode passar de 80 centímetros, caso contrário haverá excesso de sombreamento, o que pode prejudicar a produtividade.

Seu Nicanor, de 95 anos, foi um dos poucos produtores que mantiveram a cultura. Hoje, quem toca a lavoura é a neta dele, Cristiane Carvalho. Animada com os bons preços, a família dobrou o plantio para esta safra: “Nossa expectativa é a melhor possível, de uma produção e preço realmente bons”.

Se os bons preços se mantiverem, eles vão investir na técnica do algodão adensado no próximo ano. “Vamos começar com uma pequena área. E à medida que nós formos aprendendo a técnica, vamos aumentar a área”, conta Cristiane.

Fonte: Abrapa

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