Drones são reforço na aviação agrícola contra o bicudo do algodoeiro

Publicado em: 30 de agosto de 2017

A batalha contra o bicudo do algodoeiro, desde o século 18, mobiliza produtores, cientistas e empresas diversas da cadeia produtiva da fibra. Só nos Estados Unidos, em cinquenta anos, mais de US$ 40 bilhões já foram investidos em defesa fitossanitária com foco na praga, em uma batalha, que, ao que parece, ainda está longe de terminar. Mas novidades surgem no cenário e tornam o controle aéreo mais efetivo e acessível, como os drones, usados na pulverização de defensivos. O tema figurou no minicurso Tecnologias de aplicação para melhorar a eficiência no controle de pragas, realizado na tarde desta terça-feira (29), no primeiro dia de programação do 11° Congresso Brasileiro do Algodão (11°CBA), com participação do pesquisador da Campear Agricultura/Biomonte Pesquisa, Rodrigo Franco Dias, de Marcelo Rodrigues Caires, da Associação Sul Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampasul), e coordenação de Marcos Vilela, do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica.

O 11°CBA prossegue até sexta-feira (1°/09) e reúne em torno de 1,2 mil participantes de toda a cadeia produtiva da fibra no Centro de Convenções de Maceió/AL, sob o comando da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Segundo Marcos Vilela, o drone chega na produção com toda força. “Eu tenho 60 anos de experiência em tecnologia de aplicação e nunca vi um fenômeno tão avassalador. A posição dele na agricultura é única. Chega para preencher uma lacuna, se transformando no avião do pequeno agricultor. O que precisamos é desenvolver os equipamentos e as formas ideais de aplicação e logística para ele, acompanhando os outros princípios de tecnologia de aplicação no tratamento das pragas de algodão”, afirma.

Para os especialistas, o bicudo não admite falhas. “Ele entrou aqui no Brasil em 1983, quando Já havia a tecnologia de Ultra Baixo Volume no Brasil (UBV), lançada em 1965. Durante esse período, tivemos altos e baixos na tentativa de controlar a praga”, diz. Vilela explica que, naquela época, os custos com defesa “não eram tão exorbitantes”. Representavam de 20% a 30% dos custos de uma lavoura de algodão. “Hoje, pelos últimos dados, 42% do custo de produção são relativos à defesa fitossanitária. É um número absurdo”, pondera Vilela, afirmando que, em uma lavoura não controlada, pode-se perder de 30% a 50% de produção.

“Um casal de bicudos, dentro de um ciclo de oito semanas, pode gerar 12 milhões de indivíduos e cada um deles destrói uma maçã. Quando você vê um enxame de bicudos, está vendo um caminhão de algodão indo embora”, exemplifica.

Marcos Vilela considera que,  com as tecnologias de Ultra Baixo Volume (UBV), de Baixo Volume Oleoso (BVO) mais o drone, os custos de controle e combate podem baixar. Sobre as aplicações chamadas cirúrgicas, aplicadas em áreas pontuais, ele é taxativo. “O bicudo não nos permite ser cirúrgicos. Ou limpa tudo, ou espera a pancada”, sentencia.

Marcelo Rodrigues Caires, da Ampasul, em sua palestra abordou as tecnologias e a qualidade de operação, o que inclui a observação de uma série de fatores, que vão desde os climáticos, e relativos aos ventos, bem como o momento certo de aplicação, calibragem dos equipamentos, dentre outros.  “Tudo isso focado no UBV”, ressalta.

Ultra Baixo Volume (UBV) é o nome que se dá para aplicações de defensivos em volumes abaixo de cinco litros por hectare, em forma pura, ou diluídos em um veículo oleoso. As técnicas de UBV para diminuir a evaporação das gotas e aplicar inseticidas concentrados foram usadas em aplicações aéreas pelos ingleses na África e na Ásia, após a Segunda Guerra Mundial, para o controle de gafanhotos e mosquitos, mas somente se tornaram operacionais em 1963 após um trabalho realizado por cientistas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e da Companhia América Cyanamid produtora do inseticida Malathion.

 

Imprensa Abrapa/ CBA

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