Embrapa aposta em produção de algodão

Publicado em: 17 de junho de 2015
A colheita dos 300 mil hectares de algodão plantados na Bahia começa em julho

A colheita dos 300 mil hectares de algodão plantados na Bahia começa em julho

Os 300 mil hectares de algodão plantados no estado da Bahia, que começam a ser colhidos no próximo mês, podem ser duplicados se for possível reduzir os custos de produção, fazendo  com que o estado, que ocupa o 2º lugar no ranking brasileiro, alcance o posto de maior produtor do Brasil.

A informação é do chefe-geral da Embrapa Algodão, Sebastião Barbosa, à frente da empresa que completa 40 anos de atividade em 2015, ao longo dos quais contribuiu para melhoria expressiva do padrão da oleaginosa produzida em território baiano.

O trabalho se intensificou em 1998, com o início da  parceria técnica com a Fundação Bahia, utilizando recursos financeiros do Fundo para Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro).

Sebastião Barbosa explica que a Embrapa Algodão trabalha com a Fundação Bahia para desenvolver produtos com boas características bióticas (resistente a pragas) e abióticas (resistência a seca, adaptação a períodos chuvosos e grandes variações de temperatura).

Custos

O algodão baiano já é reconhecido no mercado externo por sua alta qualidade, descrita por Sebastião Barbosa, como base de  uma fibra de comprimento médio e de branco muito intenso. Porém a maior barreira para aumento das áreas de produção são os custos, explica. Segundo ele, o produtor tem que obter 1.800 kg de algodão por hectare ou 100 arrobas por hectare, para plantar um hectare com retorno financeiro. Mas o mês de abril último foi mais um desafio, porque, ao invés de corresponder às expectativas de produtores baianos de superar a média histórica de produtividade, a região sofreu com excesso de chuvas (mais de 300 mm, quando normal é 150 mm). Com isso, a produtividade média ficou em 270 arrobas por hectare, com perdas entre 12% e 18%. Sebastião Barbosa explica ainda que o excesso de chuvas atrasa a floração e reduz as áreas de vazio sanitário, indispensáveis para redução de pragas.

A renovação do Programa de Incentivo à Cultura do Algodão no Estado da Bahia (Proalba), anunciada no primeiro dia da 11ª edição da Bahia Farm Show pelo governador Rui Costa, representa apoio ao cotonicultor baiano diante da retomada do incentivo fiscal, que reduz em até 50% o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Serviços (ICMS).

Na ocasião, quatro produtores receberam certificados de regularidade emitidos pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri). Os agraciados integram  grupo de 122 cotonicultores que atendem às demandas estratégicas de Defesa Fitossanitária.

Incentivo fiscal

O certificado é necessário para que o produtor possa pleitear o incentivo fiscal. Para fornecê-lo, a Adab exige fiscalizações da data-limite de plantio, condução da cultura quanto ao controle de pragas,  como o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomusgrandis), o cumprimento da data-limite para o arranquio das soqueiras, eliminação de tigueras (plantas voluntárias) e rotação de culturas, uso correto de agrotóxicos e devolução das embalagens vazias. O comércio mundial do algodão movimenta anualmente cerca de US$ 12 bilhões e envolve mais de 350 milhões de pessoas em sua produção.

Alto custo da cotonicultura

As causas do alto custo de produção de algodão são preço das sementes e de equipamentos mecanizados para plantio e colheita e uso intenso de defensivos.

Brasil avança e é o terceiro maior exportador mundial do produto

O avanço da tecnologia e o aumento da produtividade permitiram ao Brasil passar de maior importador mundial de algodão para o terceiro maior exportador do produto em 12 anos. A produção nacional de algodão é, prioritariamente, destinada à indústria têxtil.

Com índice de produtividade 60% superior aos Estados Unidos, a cotonicultura brasileira mudou radicalmente, passando, em uma década, de lavoura manual para totalmente mecanizada no plantio, nos tratos culturais e na colheita.

Mato Grosso e Bahia são os estados responsáveis por 82% da produção nacional e se destacam pelo investimento em biotecnologia, gerenciamento do setor e novas técnicas de manejo.

Virada

A grande virada da cotonicultura na Bahia começou há cerca de 20 anos, quando Guanambi (a 796 km de Salvador), possuía quase 300 mil hectares de algodão herbáceo e empregava no campo e no beneficiamento cerca de 200 mil pessoas.

A exaustão do solo compactado pela grade aradora e o bicudo-do-algodoeiro acabaram com esta fase áurea.

O extremo oeste ocupou este espaço com a organização da cadeia produtiva e da adoção de  tecnologias  que geram mais produtividade com menor impacto no solo e no meio ambiente.

 

Marjorie Moura

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