Entidades do agronegócio e governo do Estado discutem o fortalecimento da cadeia da proteína animal

Publicado em: 6 de agosto de 2019

Está sendo estudada a viabilidade técnica de se instalar um núcleo de genética suína no Oeste da Bahia

Apesar do abate inspecionado ter avançado na última década, a Bahia ainda importa cerca de 70% da carne suína que consome. Esse cenário poderia ser diferente se houvesse uma expansão da suinocultura. Pensando nisso, representantes da cadeia produtiva têm discutido com o governo estadual sobre o fortalecimento da cadeia de proteína animal, com vistas à instalação de um núcleo de genética suína no Oeste da Bahia.

O grupo norte-americano Carroll Family Farms, que há 80 anos atua nos Estados Unidos e há 17 no Brasil, já sinalizou interesse em implantar no Oeste baiano uma granja núcleo, com foco no melhoramento genético de suínos. O assunto foi amplamente discutido, na semana passada, durante visita de representantes do grupo à região. Recebidos pela diretoria da Aiba e do Iaiba, eles se reuniram também com representantes da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) e do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Mapa).

Com uma produção anual de 160 mil suínos nos Estados Unidos, o grupo terá grandes desafios para produzir no Brasil, mas se anima com as condições climáticas e sanitárias da região. Segundo o patriarca da família Carroll, Daniel Carroll, as características da região Oeste são bem favoráveis para a implantação do empreendimento, proporcionando instalações e manejo de alta tecnologia.

“Enquanto que nos Estados Unidos temos um inverno rigoroso e desafios enormes com doenças, o Oeste da Bahia é ideal para o conforto térmico para as matrizes, isso pode permitir uma ambiência boa e maximizar a produção, oferecendo o controle de processos, a nutrição e genética avançadas, o que resultará na produção de carne com elevados padrões para o mercado nacional e internacional, defende.

A ideia é que a granja núcleo tenha foco no melhoramento genético, a partir do cruzamento de bisavós e bisavôs de raças suínas puras. Nas condições apresentadas, a granja terá uma excelente biosseguridade e o seu status sanitário permitirá a venda de matrizes F1 para todo o Brasil e América Latina.

Helmuth Kieckhöfer, superintendente do Iaiba e médico veterinário com doutorado na área, usou uma metáfora para explicar a importância econômica e social do investimento. “Já tínhamos algumas concessionárias, agora está vindo uma fábrica internacional de suínos para o Oeste da Bahia”, disse ao ressaltar que a carne suína é a proteína mais consumida mundialmente e a terceira na preferência dos brasileiros, atrás apenas do frango e do boi. Na sua opinião, a vinda da “fábrica” para a região pode colocar a Bahia no cenário nacional da suinocultura e aumentar o consumo da carne, tanto in natura quanto nos embutidos.

O secretário da Agricultura do Estado, Lucas Teixeira Costa, reafirmou o seu compromisso com o desenvolvimento da proteína animal no Oeste da Bahia. “O governo do Estado tem destinado todo apoio ao segmento, seja através da minha pasta, seja através da SDE, aqui presente. Nosso intuito é facilitar o diálogo entre o investidor e a esfera estadual. No que houver viabilidade técnica e econômica daremos todo o apoio para o andamento das solicitações e orientação para envio do projeto aos órgãos de regulação, de forma correta”, enfatizou.

A Aiba, através do seu vice-presidente, Odacil Ranzi, também destinou seu apoio à implantação da granja núcleo e ao fortalecimento da cadeia. Para ele, a região, por ser um celeiro produtivo de grãos, tem grande potencial de produzir ração para nutrição animal. “Vamos diminuir o custo de produção da proteína animal e agregar valor à cadeia do agronegócio”, observa.

A tese da integração da suinocultura com as lavouras foi defendida por Dan Carroll. De acordo com ele, os dejetos favorecem a adubação do solo e aumentam a produtividade dos grãos. “Nos Estados Unidos a distribuição dos dejetos dos suínos só pode ser feita a partir da primavera, quando descongela o solo, e o solo de lá já é rico em nitrogênio e fósforo. Já no Oeste da Bahia, o solo é arenoso e pobre em matéria orgânica, e assim temos a oportunidade de melhorar a qualidade do solo com os dejetos de suínos. Deste modo, pretendemos construir granjas de engordas em vários locais, onde estão as lavouras. Com esta estratégia, reduzimos custos com a logística da distribuição do dejeto, diminuímos problemas ambientais e reduzimos o custo de produção do milho”, avaliou o empresário.

A importância do status sanitário para o incremento da proteína animal foi ressaltada pelo superintendente do Mapa, Paulo Emílio Torres. Ele enfatizou que o Ministério vem realizando ações em conjunto com a Adab para reforçar a vigilância sanitária e manter a Bahia apta a ser um grande produtor e exportador de carnes.

O grupo visitou, ainda, uma fazenda e um frigorifico, a fim de conhecer o cruzamento industrial de bovinos e acompanhar o abate de suínos e bovinos na região. Estavam presentes o diretor de Proteína Animal da Aiba, Stefan Zenbrod; o diretor da Acrioeste, Mário Mascarenhas; e o diretor do Fundape, Adelar Geller.

Ascom Aiba

Compartilhar:
;