Fórum debateu o ataque da Helicoverpa na Região Oeste

Publicado em: 1 de junho de 2013

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Durante a Bahia Farm Show, em Luis Eduardo Magalhães (28/5 a 01/6), no Fórum Regional sobre helicoverpa etapa II, foi amplamente debatida as últimas decisões para serem encaminhadas para o manejo fitossanitário na região sobre a lagarta helicoverpa, onde nas últimas safras, ataques nas principais culturas da região do Cerrado têm sido relatados por produtores. A suspeita predominante recai sobre a ocorrência de populações de Spodoptera frugiperda e Helicoverpa spp. (Lepidoptera: Noctuidae) causando, conforme sua especificidade, severos danos em cultivares que possuem genes que expressam proteínas Bt supostamente resistente a essas pragas, que são predominantes na Ásia e África. A presença da praga já foi reportada em 11 Estados.

O gênero Helicoverpa é composto por diversas espécies altamente destrutivas, devido a suas características biológicas (polifagia, alta fecundidade, alta mobilidade local das lagartas e migração das mariposas) que lhe permite sobreviver em ambientes instáveis e adaptar-se a mudanças sazonais do clima.

A ocorrência de lagartas do gênero Helicoverpa na região do Cerrado foi observada a partir de fevereiro de 2012 em níveis populacionais nunca antes registrados, causando prejuízos na ordem de R$ 2 bilhões, em milho, algodão, soja, feijão comum, caupi, milheto e sorgo. No país, há também relatos de ataques em tomate, pimentão, café e citros, dentre outras plantas.

O crescimento populacional de lagartas do gênero Helicoverpa e consequentes prejuízos aos sistemas de produção foram ocasionados por um processo cumulativo de práticas de cultivo inadequadas, caracterizadas pelo plantio sucessivo de espécies vegetais hospedeiras (milho, soja e algodão) em áreas muito extensas e contíguas associadas a um manejo inapropriado dos agrotóxicos. Isso tornou o agroecossistema progressivamente suscetível a doenças e aos insetos-praga devido à farta disponibilidade de alimentos, sítios de reprodução e abrigo durante quase todo o ano.

A semeadura dos cultivos anuais de milho, soja e algodão no Cerrados tem início no mês de outubro e se estende até março com o plantio do algodão irrigado. Nessas áreas de cultivo são semeadas cultivares de milho eonde é aplicado RR, Randup,Reedy(resistente a ervas daninhas) e de cultivares de soja e de algodão com resistência a herbicidas.

Adicionalmente, faz–se a implantação da “ponte verde”, constituída pelo cultivo adicional de sorgo, milheto, feijão comum e feijão Vigna.

O Biólogo da Embrapa, Sérgio Abud da Silva, que faz parte do Programa Nacional de controle de lagartas explica: “Todos esses fatos contribuem para uma significativa mudança na diversidade de espécies vegetais invasoras e na ampliação de espécies e populações de patógenos e artrópodes associados às plantas cultivadas. Isso acaba propiciando o surgimento de pragas e doenças anteriormente reconhecidas apenas como secundárias, ou ainda pragas restritas a uma ou outra cultura que passam a atacar, indiscriminadamente, todas as demais culturas constitutivas do sistema agrícola. Esses agentes de competição interespecífica (pragas, doenças, ervas daninhas) têm sido controlados com agrotóxicos, muitas vezes, de forma recorrente e ineficaz, com pulverizações sem rigor técnico e, sem o devido monitoramento das pragas”.

“A falta de racionalização no uso de agrotóxicos além de provocar a redução populacional dos inimigos naturais das pragas e desequilíbrios biológicos nos sistemas agrícolas, causa contaminação e problemas de saúde pública derivados dos efeitos tóxicos em humanos. Assim, esse sistema agrícola altamente desequilibrado é o que tem propiciado a abundância contínua de alimentos para as pragas contribuindo significativamente para a proliferação desses insetos. Essas pragas têm atingido níveis populacionais tão elevados, que acabam superando o limiar de atuação dos agrotóxicos comprometendo a eficiência de controle” conclui Sérgio, Biólogo da Embrapa .

Devido o surgimento da praga abruptamente, tornou-se predominante a utilização de mistura de agrotóxicos, de produtos não seletivos com o mesmo sítio de ação sobre os organismos-alvo e não alvo (inimigos naturais), uma vez que os produtos existentes não apresentam moléculas adequadas ao combate desta praga.

Essa situação tem causado perdas econômicas significativas aos sistemas de produção, a exemplo do que ocorreu na safra de algodão 2012/2013. É necessário, portanto, restabelecer o equilíbrio dos Sistemas de Produção Agrícola, antes que outros insetos, além da Helicoverpa armigera , oportunamente se adaptem. Além de medidas emergenciais a serem adotadas para restabelecimento desse equilíbrio é fundamental a adoção dos conceitos e práticas do Manejo Integrado de Pragas, já desenvolvidos.

Embrapa recomenda criação de sistema de alerta contra lagarta
Ações já estão sendo tomadas visando à redução dos níveis populacionais desses insetos nas lavouras do Cerrado brasileiro. Um grupo de especialistas da Embrapa se reuniu e elaborou um documento que elenca essas ações emergenciais encaminhado para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA . Além disso, está sendo criado um consórcio, no âmbito do Ministério, que contará com a participação de instituições públicas e privadas envolvidas no problema, para acompanhar a implantação de todas as ações propostas principalmente restabelecer o equilíbrio dos sistemas agrícolas das regiões afetadas. Entre as propostas destaca-se o estabelecimento do “Consórcio Manejo Helicoverpa”, um grupo multidisciplinar coordenado pelo Mapa. O consórcio terá como objetivo disponibilizar informações sobre esse complexo de pragas, mais especificamente sobre a espécie Helicoverpa armigera, além de capacitar profissionais sobre o MIP e o manejo de plantas geneticamente modificadas.

Conforme Alexandre de Sene Pinto, diretor e pesquisador da BUG agentes biológicos,no Fórum Regional sobre helicoverpa etapa II, “O grupo deve buscar as experiências de outros locais para construir a proposta de manejo da nossa própria vivência. Concluiu”

A composição sugerida para o grupo multidisciplinar inclui a participação de profissionais de empresas de pesquisa, universidades, indústrias de produtos químicos e biológicos, máquinas e implementos agrícolas, cooperativas agrícolas e fundações de pesquisa e deverá ser composto por cinco núcleos que são: controle de cubos, inseticidas, agente de controle, irrigantes e pesquisa.

No portal da Embrapa foi criada uma página de Alerta à Helicoverpa, com a íntegra do documento para consulta. Os participantes do Fórum Regional sobre Helicoverpa Etapa II, foram Alexandre de Sene Pinto – Diretor pesquisador da BUG, Jander da Silva Neves – Syngenta, Juliano César – Bayer Crop Science, Jeferson Diniz – Du Ponto do Brasil, Breno Vieira – Dow Agro Sciences, Guto Magalhães – Conselheiro da CCAB – Consórcio Corporativo Agropecuário Brasileiro e Jonas Yasuda Diretor Operacional da CCAB.

Mecânica de Comunicação Ltda

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