Preço baixo do algodão limita negócios

Publicado em: 27 de janeiro de 2015

A comercialização de algodão da safra 2014/15 está estancada há cerca de dois meses reflexo da retração dos produtores diante das cotações baixas da pluma na bolsa de Nova York. Segundo estimativas da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), até o momento, foram comercializados 30% da produção esperada para o ciclo 2014/15 que começará a ser colhida em junho.

Segundo o presidente da Anea, Marco Antonio Aluisio, historicamente, esse índice fica entre 30% e 50% nesta época. Assim, hoje, o percentual está no piso do intervalo. A questão, diz ele, é que a perspectiva de remuneração do volume já negociado é desanimadora para os produtores. Metade do que foi vendido antecipadamente foi fixada a preços acima das cotações atuais na bolsa de Nova York – em patamares acima de 60 centavos de dólar por libra-peso na propriedade, o equivalente a 70 centavos de dólar por libra-peso no porto.

Mas, a outra metade, afirma Aluisio, ainda está sujeita às oscilações na bolsa nova-iorquina, que voltou a cair na última sexta-feira. Os contratos da pluma para entrega em março fecharam a 57,30 centavos de dólar a libra-peso, recuo de 0,8%, ou 46 pontos, ante o pregão de quinta-feira.

Na visão do dirigente, não há razão para as cotações do algodão subirem nos próximos seis meses, pelo menos. Ele observa que a China ainda tem estoques elevados da pluma, e que a política do país asiático para o escoamento desse produto dará o tom ao mercado no primeiro semestre do ano. Alguma mudança pode ocorrer na segunda metade do ano, diz, caso os produtores do Hemisfério Norte, liderados pelos americanos, decidam reduzir a área cultivada com algodão. “É possível que o governo tenha que, novamente, apoiar a comercialização da safra 2014/15, como fez em 2013/14”, avalia Marco Antonio Aluisio.

No Brasil, a área com algodão nesta safra deve recuar 11,2%, para 995,7 mil hectares, nas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a colheita, a autarquia projeta um volume de 1,542 milhão de toneladas.

Em Mato Grosso, maior produtor nacional da pluma, foram plantados 568 mil hectares, e a semeadura segue um pouco atrasada na comparação com 2014. Na última sexta-feira, os trabalhos haviam alcançado 57,49% da área reservada ao cultivo, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Nessa mesma época do ano passado, o plantio estava em 73,16% da área.

Além de preços baixos e atrasos, os produtores mato-grossenses de algodão começaram a safra com um problema adicional. As plantas que começam a emergir do solo apresentam uma incidência de mosca branca acima do considerado normal.

“A lavoura ainda é nova, tem cerca de 12 dias. Mas a mosca está migrando da soja para o algodão devido ao tempo quente e seco”, explica o produtor rural e presidente da Câmara Setorial do Algodão do Ministério da Agricultura, Sérgio De Marco.

Segundo ele, essas áreas já plantadas demandaram uma aplicação de defensivo, que não estava prevista, o que significou um custo adicional de US$ 25 por hectare. “Se chover nos próximos dias, não serão necessárias novas aplicações. Caso contrário, o custo pode subir de forma relevante”, diz

Fonte: Fabiana Batista e Camila Souza Ramos, Valor Econômico

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