Preço do algodão e frio menos rigoroso deve comprometer a venda de roupas de inverno

Publicado em: 18 de maio de 2011

O comércio catarinense deve registrar queda nas vendas de roupas de inverno em 2011. Os motivos: o valor do algodão, que aumentará em até 40% o preço dos produtos em relação ao ano passado, e a previsão de um inverno menos rigoroso.

O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, afirma que o varejo já está sentindo o impacto das temperaturas mais quentes. O Dia das Mães, que é a segunda data comemorativa mais importante para o setor, atrás somente do Natal, vendeu menos em 2011 do que no ano passado, segundo Kuhn.

“Uma das razões foi a de que não fez frio na semana que antecedeu o Dia das Mães” – diz.

Apesar da perspectiva otimista da Havan para as vendas de 2011, que é de um aumento de 50% frente ao ano passado, o presidente da rede, Luciano Hang, afirma que aguarda por temperaturas mais baixas para que as expectativas sejam alcançadas.

Mas, de acordo com Leandro Puchalski, da Central de Meteorologia da RBS, o setor não deve contar com um inverno rigoroso neste ano.

“Como não teremos a influência de nenhum fenômeno climático, como El Niño ou La Niña, as temperaturas desta estação estarão dentro do normal”, explica.

Marilene de Lima, meteorologista da Epagri, acrescenta que a ausência de tais fenômenos representa maior escassez de chuva e, então, um leve aumento das temperaturas máximas, que chegarão a 26°C ou 27°C.

“Nos últimos anos, o inverno tem dado um cansaço aos lojistas”, afirma Sérgio Medeiros, presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas (FCDL) de Santa Catarina. Ele diz que o comércio não sabe o que esperar da estação.

“Às vezes, o frio chega antes, às vezes, depois. Por causa disso, as lojas acabam lançando liquidações fora de época e lucrando menos.”

Aumento máximo deve chegar no final de junho

Sobre a disparada nos preços da matéria-prima dos artigos de inverno, o algodão, o presidente do Sintex afirma que os consumidores irão sentir o aumento máximo no final de junho, que é de 40% em relação aos valores do ano passado.

“O algodão só deve baixar no segundo semestre do ano que vem, depois que os principais países produtores completarem duas safras e conseguirem estoques reguladores. Até lá, o consumidor pagará de 20% a 40% a mais nas roupas e artigos de inverno”, afirma Kuhn.

Hang, da Havan, informa que os clientes da rede deverão pagar mais pelo aumento do algodão somente no segundo semestre.

“Como compramos a coleção de inverno com bastante antecedência, no final do ano passado, antes da alta do algodão, nossos clientes não estão sentindo aumentos significativos nos preços dos produtos de confecção. O aumento deve ser sentido apenas na próxima coleção”, diz.

Kuhn, do Sintex, complementa que as indústrias têxteis, ainda estão sentindo menos o impacto do aumento do algodão do que o varejo.

“O comércio continua apostando no frio e comprando normalmente das indústrias. Caso não vendam tudo o que investiram no começo da estação, comprarão menos em julho e agosto”, explica.

Sérgio Medeiros, da FCDL-SC acredita que os lojistas deverão trabalhar com uma margem de lucro menor nos seus produtos este ano, porque dificilmente os consumidores vão conseguir assumir a alta de 40%.

Fonte: Abrapa

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