Preços altos e safra recorde espalham riqueza pelo campo

Publicado em: 14 de fevereiro de 2011

Agronegócio Preços altos e safra recorde espalham riqueza pelo campo Renda agrícola deve ter aumento real de 5,54% em 2011, estima Tendências Derick Almeida A procura por terras fez o valor do hectare disparar no campo (Jose Luiz Medeiros/Exame) O aumento da produção de grãos no Brasil combinado ao elevado patamar dos preços globais das commodities deve impulsionar a renda agrícola no país em 2011.

A estimativa da consultoria Tendências é que o rendimento no campo terá ganho real “isto é, já descontada a projeção de inflação” de 5,54% neste ano. “Um ritmo de crescimento excelente, mesmo se comparado aos mais de 11% em 2010. Há de se lembrar que, desta vez, a base de comparação é forte. Ao contrário de 2009, quando o crescimento da renda agrícola foi negativo”, ponderou a economista Amaryllis Romano. Na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou que a perspectiva para esse ano é de uma safra recorde de grãos (algodão, milho, soja, trigo, arroz e feijão) no total de 153 milhões de toneladas em 2011 – crescimento de 2,6% em relação a 2010. De acordo com projeções da consultoria Tendências, a participação da região Nordeste no total da produção nacional sairá de 7,9% na safra 2009/2010 para 9,5% na 2010/2011.

As demais regiões mostrarão um avanço modesto: Centro-Oeste, de 35,1% para 35,6%; e Sudeste, de 11,3% para 11,4%. No Norte, a expectativa é de manutenção em 2,8%. Já o Sul deve perder espaço: de 42,9% para 40,7%. As estimativas positivas para a produção agrícola das safras, junto a uma conjuntura internacional favorável aos preços das commodities, potencializam o crescimento da renda agrícola. “Se as estimativas da Conab se confirmarem, isso significará aumento simultâneo dos preços dos grãos e da produção, o que impactará a renda dos produtores”, destacou Ana Laura Menegatti, economista da MB Associados.
A partir do aumento da rentabilidade desde a colheita da última safra, em 2010, os produtores agrícolas estão investindo mais dinheiro em seus projetos para que consigam atender à demanda crescente de países emergentes, como China e índia, que é impulsionada pelo consumo de produtos de origem animal cuja alimentação é baseada em soja e milho. “Os fluxos de investimentos foram direcionados, especialmente, à compra de maquinário de tecnologia superior, à expansão das terras de cultivo e aos cuidados com as plantações”, afirmou Marcos Rubin, analista da Agroconsult. A busca por terras a serem destinadas a lavouras e pastagens no país tem, inclusive, conferido forte impulso aos preços. O movimento é tão intenso que fez os valores do hectare no campo atingirem patamares recordes em janeiro as maiores cotações desde 2008. Os impactos da seca no Sul causada pelas mudanças climáticas ligadas ao aquecimento das águas do Pacífico, conhecido como La Niña ?, a partir do final do 2010, foram bem menores que o esperado pelos produtores.

A La Niña não atingiu toda a região Sul, apenas o extremo sul do Rio Grande do Sul. Nas demais regiões, como no norte do estado, em Santa Catarina e no Paraná, o tempo se manteve chuvoso, o que é propício para o bom desempenho das lavouras, lembrou Rubin. Isto faz com que os produtores, em sua maioria, colham com os preços dos grãos em patamares muito acima daqueles registrados enquanto ainda plantavam, afirmou Menegatti. Para 2011, os analistas mantêm a previsão de alta nos preços dos alimentos. A expansão das áreas de cultivo não trará efeito amenizador imediato aos preços das commodities. Junto a isso, há de se ficar atento ao desempenho das safas de outros formadores de preço internacionais, como Estados Unidos e Argentina?, completou Rubin.

Fonte: Abrapa

Compartilhar:
;