Queda dos preços ameaça safra de algodão

Publicado em: 1 de setembro de 2014

As perspectivas para o setor de algodão na Bahia e no Brasil não são boas. A oferta de preços abaixo do valor mínimo determinado pelo governo (R$ 54,90 por arroba, contra a oferta média no mercado nacional de R$ 51,70) pode comprometer os ganhos do setor.

Embora 70% do algodão já tenha sido comercializado, a venda dos 30% restantes pode não alcançar um preço considerado justo pelos produtores.

Esta situação pode causar redução de até 10% da área plantada para a safra 2014/2015, contra o aumento de 15% verificado na safra 2012/2013.

No mercado internacional, os contratos futuros de algodão caíram 24% este ano. A menor procura do produto pela China, maior produtor e importando mundial do algodão, e a expectativa de maior oferta no Brasil e nos Estados Unidos explicam a atual situação.

Para piorar a situação, a Índia pode ocupar a posição da China como o maior produtor de algodão do mundo no próximo ano. Por outro lado, a produção chinesa pode cair 24% em 2015, porque o governo tem investido em culturas alimentares.

2º maior produtor

Com cerca de 75% da colheita de algodão efetuada de uma área total aproximada de 320,5 mil hectares, o estado da Bahia – segundo maior produtor do país – deve concluir a safra 2013/14 até o dia 15.

Segundo o diretor da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) Celito Missio, o prazo legal terminaria hoje, pela necessidade da aplicação do vazio sanitário para evitar a proliferação de pragas.

Os produtores solicitaram à Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) prolongar a colheita do algodão até o dia 15 de setembro e a destruição de soqueira até 30 de setembro de 2014.

O adiamento ocorre devido a questões climáticas que influenciaram tanto a semeadura, que só começou em janeiro deste ano, como o inicio da colheita, atrasado pelo clima frio em junho e julho últimos, explicou Missio, que produz algodão há 15 anos no município de Luís Eduardo Magalhães.

A previsão é que sejam colhidas cerca de 1,2 milhão de toneladas, 38% a mais do que na safra passada. Atualmente, a região oeste representa 92,5% da produção da Bahia, com uma área de 308 mil hectares. A região sudoeste tem a área é de 12,3 mil hectares.

Segundo Celito Missio, a produtividade no estado é de 270 arrobas/hectare. A maior parte do algodão produzido na Bahia é exportada para a Ásia. No mercado interno a maior demanda vem do nordeste, onde funciona uma forte indústria têxtil

Indústria têxtil

Em torno de 730 mil toneladas da pluma devem ser exportadas no ciclo 2013/14, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). Porém o volume consumido no mercado interno está em queda, explica Celito Missio.

O que ocorre, explica, é que a importação de produtos têxteis continua a crescer, principalmente oriundos da China.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) o uso de algodão por essa indústria no Brasil deve ficar entre 750 mil e 800 mil toneladas, e pode cair a 720 mil toneladas.

O setor aponta retração em relação ao consumo de 850 mil toneladas de algodão pela indústria têxtil em 2013.

O consumo desses produtos recuou 0,7% no primeiro semestre deste ano, avalia a associação.

 

Marjorie Moura

Jornal A Tarde

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