Seminário Brasileiro sobre Helicoverpa apresenta Programa Fitossanitário da Bahia

Publicado em: 1 de agosto de 2013

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O Seminário Brasileiro sobre Helicoverpa reuniu cerca de 1.320 pessoas, no último dia 30 de julho, em Luís Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia. Com a presença de produtores, autoridades, pesquisadores, entomologistas, técnicos e consultores, foram discutidos temas relacionados à Helicoverpa, Mosca Branca e Bicudo, além da apresentação do Plano Fitossanitário da Bahia, que poderá servir de base para a elaboração de outros Programas Fitossanitários Regionais do Brasil.

Autoridades cobram soluções

Na abertura as autoridades presentes cobraram medidas que solucionem o problema para que a safra 2013/2014 não sofra tantas perdas quanto a atual. “Já contabilizamos R$ 10,7 bi de prejuízo na safra brasileira, somando os estados da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais e as culturas de soja, milho e algodão. Daqui há 50 dias iniciamos o plantio da nova safra. Qual será o tamanho do novo prejuízo? Não podemos sofrer com isso novamente. Espero que possamos sair deste seminário com diretrizes que nos orientem para um plantio mais seguro na nova safra”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso.

Para a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, Isabel da Cunha, o momento é de aprendizado e crescimento. “Esse desafio certamente vai nos conduzir para mais uma vez melhorar nosso sistema de produção e fortalecer a classe produtora. Para vencer, precisamos nos unir”, disse Isabel.

Julio Busato, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), lembrou que em fevereiro, durante o Fórum sobre Helicoverpa da Bahia, a preocupação com a lagarta já era muito grande. “Hoje vemos que perdemos esta batalha. Entre gastos com defensivos e perda na produção, somamos mais de R$ 1,5 bilhão. Precisamos agora nos reagrupar, nos organizar e nos preparar para a próxima batalha que virá a partir de outubro”, disse Busato.

Para o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz, é preciso investir em pesquisa. “Estamos vivenciando um problema muito grande. Temos que fazer todos os esforços para investirmos em pesquisa. Não podemos ter dificuldade de centralizar recursos nisso. Ela é importante nesta luta”, enfatizou.

O presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (Iba), Haroldo Cunha, lembrou, no entanto, que não basta apenas uma medida, mas sim um conjunto de ações. “Temos que retomar conceitos que andam esquecidos, como o Manejo Integrado de Pragas. Não é só a liberação emergencial de produtos, ou o uso de transgênicos que vai solucionar o problema. Precisamos de medidas em conjunto. Uma série de ações que possam solucionar isto. É importante que o produtor entre nesta safra com segurança para investir e produzir bem.” Já o presidente da Câmara Setorial do Algodão, Sérgio De Marco, destaca “ o que resolvermos fazer, tem que ser bem feito. Vamos com coragem porque vamos vencer essa batalha”, afirmou De Marco.

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Cósam Coutinho, revelou que o decreto emergencial para aplicação do Benzoato de Emamectina está pronto, aguardando apenas a assinatura da presidente Dilma Roussef. “O Mapa é parceiro do produtor e não está se omitindo nesta questão. Não vemos a Helicoverpa como um problema da Bahia, mas de todo o país”, disse. A expectativa dos produtores é que o decreto seja assinado na próxima semana e o uso emergencial do produto seja liberado pelo Ministério Público da Bahia. Durante o evento, Cósam apresentou o Programa Nacional de Manejo da Mosca Branca e da Helicoverpa.

O secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, concorda que a mobilização e união dos produtores é fundamental, mas cobrou mais pesquisa. “Quero aproveitar a presença da Embrapa aqui para solicitar a instalação de uma unidade da Embrapa em Luís Eduardo Magalhães. Já passou da hora de termos condições de pesquisa em uma região que é o futuro da agropecuária no Brasil e no mundo”, pediu.

O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martim Neto, firmou o compromisso de pesquisa da Empresa para enfrentar o problema da Helicoverpa armigera e anunciou a criação de um novo programa. “Estamos trabalhando pelo lançamento do Programa Nacional de Melhoramento Genético Preventivo. Assim conseguimos antever problemas como este que estamos enfrentando”, contou. Mas, segundo ele, no momento, é preciso pensar em um manejo integrado de pragas efetivo para a situação de emergência.

A programação Seminário contou com palestras dos pesquisadores da Embrapa, Dra. Silvana Paula-Moraes, Dr. Alexandre Specht, Dr. Fernando Valicente, Dr. José Ednilson Miranda, Dr. Ivan Cruz, Dr. Edson Hirose e Dra. Eliane Quintela, que apresentaram resultados de pesquisas e propostas de ações. O Dr. Anthony Hawes, apresentou a experiência positiva na Austrália, país já enfrentou a Helicoverpa e serve referência para o Brasil. O Dr. Miguel Soria, do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) e o coordenador do Programa Fitossanitário do Piauí, Luiz Peteck trouxeram a experiência de seus estados.

Outro destaque foi o espaço reservado para apresentar os problemas causados pelo Bicudo na Bahia, nas safras 2012/13 e 2013/14, apresentado pelo pesquisador Dr. Walter Jorge, o diretor da Adab, Aramando Sá, o vice-presidente da Aiba, Celestino Zanella e os diretores da Abapa, Celito Missio e João Carlos Jacobsen. Celito Missio trouxe a visão do Programa Fitossanitário da Abapa, enfatizando a importância da destruição de soqueiras e o controle de tigueras. “A preocupação com o Bicudo deve ser constante e coletiva, o produtor precisa seguir todas as orientações, ter planejamento, atitude, capricho e atenção na destruição das soqueiras”, frisou Missio.

Programa Fitossanitário da Bahia

Durante o Seminário, o diretor da Abapa, Celito Breda, apresentou o Programa Fitossanitário da Bahia com propostas de ações de manejo da Helicoverpa armigera elaboradas pelos grupos de trabalho formados por pesquisadores, consultores e técnicos do Oeste da Bahia, técnicos de empresas, Adab, além de entomologistas do Brasil e da Austrália.

O grupo de Calendário de Plantio e Vazio Sanitário propôs prazo para a duração e a posição do vazio sanitário; datas de plantio e colheita das culturas; porcentagem de refúgio para as culturas de milho e algodão e as estratégias de uso do refúgio estruturado. Sobre o vazio sanitário foi destacado que o objetivo é evitar a ponte verde para pragas infestantes e ele será revisto anualmente, respeitando a legislação vigente. O segundo grupo com tema Calendarização do uso de Inseticidas sistematizou as recomendações para as culturas do algodão, milho e soja.

O grupo de Agentes de Controle Biológico, em parceria com universidades e institutos de pesquisa, fazer testes com parasitóides, bactérias, fungos e vírus para combater a Helicoverpa spp.

O grupo de Áreas Irrigadas propôs a eliminação mecânica de pupas; o uso intensivo de produtos biológicos e inimigos naturais para o controle de pragas e uso de armadilhas e iscas tóxicas, além de outros métodos para o controle físico de mariposas. Foi ressaltada a importância da rotação e culturas; definição de janelas de plantio; adoção de áreas de refúgio e destruição de restos culturais, plantas voluntárias e outros hospedeiros.

Por fim, foram apresentadas as propostas do grupo de Controle de Pupas (sequeiro e irrigado) formuladas, sob orientação , do entomologista australiano, doutor David Murray. As ações são o estabelecimento de métodos de amostragem de pupas no solo e o levantamento de espécies inimigas naturais de pupas.

O Seminário Brasileiro sobre Helicoverpa foi realizado pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e Associação de Irrigantes da Bahia (Aiba), com o apoio da Aciagri, Adab, Aeab, Agrolem, Aprosoja, CNA, Conseagri, EBDA, Embrapa, Fundação Bahia, Fundeagro, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, SEAGRI, Consultorias Regionais, Prefeituras Regionais e Sindicatos dos Produtores Rurais do Oeste da Bahia.

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ASCOM Abrapa, Abapa e Aiba

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