Recarga de aquíferos garante fornecimento de água para a agricultura e produtor rural pode receber pelos serviços

Publicado em: 7 de maio de 2018

Na última semana, o Notícias Agrícolas postou uma série de reportagens sobre os solos do Oeste da Bahia como parte do projeto Construtores de Solos, que teve seu primeiro encontro realizado na região no último dia 26 de abril.

Hoje, o pesquisador científico da Embrapa Solos, Pedro Luiz de Freitas, destaca que todo esse período na região foi bastante gratificante para observar como ocorre a dinâmica naquele local, que conta com 1200 pivôs central e a produção de diversas commodities. Os solos, já construídos, contaram com um clima que favoreceu boas produções de soja e algodão.

O solo do oeste da Bahia conta com uma presença de areia em sua superfície. Se não houvesse a construção, isso seria um problema. Além disso, a região também tem que lidar da maneira que pode com um déficit hídrico característico retendo a água que recebe das chuvas – de forma que é importante também realizar a recarga do aquífero presente por ali.

Freitas salienta, contudo, que a região ainda tem muitas terras em potencial para a exploração da agricultura, pecuária e silvicultura. Em um mapa que demonstra o potencial das terras do Matopiba, é possível observar que a expansão conta com muito espaço para ocorrer.

Pedro Freitas Embrapa Solos comenta:
Nesta última matéria da série “Construtores de solos no Oeste da Bahia” muito se falou de RECARGA DO AQUÍFERO no Oeste da Bahia — ali são dois ambientes bem distintos: a formação Urucuia, um sedimento formado entre 130 e 65 milhões de anos, onde predominam solos de textura leve, e o Bambuí, essa grande formação calcária que se estende por uma grande área, que já foi fundo de mar com mais de 800 milhões de anos.
Nossa preocupação maior são os solos de textura superficial arenosa onde temos hoje mais de 2,5 milhões de ha de soja, milho, algodão, frutas, café etc., em sequeiro ou irrigado (~12000 ha) e com o aquífero Urucuia, que tem várias camadas.  A mais superficial é a responsável pela manutenção das nascentes.
Mas, como fazer para garantir a recarga de água desse aquífero e garantir assim nascentes e rios perenes, sem perder água para o são Francisco e para o mar?
Uma série de recomendações vieram do CONIRD realizado em 2015:
Toda a ocupação  (agrícola, não agrícola e urbana) deve contemplar procedimentos no sentido de transformá-la em uma área importante para recarga (o tempo de resposta à utilização de técnicas conservacionistas é de 4 a 6 anos).
 – recarga do aquífero depende da capacidade de infiltração de água no solo que por sua vez depende de uma decisão gerencial do produtor no sentido de adotar práticas mecânicas e  vegetativas de conservação e manejo do solo incluindo terraceamento, adoção de Plantio Direto de Qualidade, construção e manutenção de estradas vicinais (bacias de contenção), barragens de contenção de água e outras práticas >
a construção de perfil de solo é fundamental.
 – terraceamento, mesmo em áreas praticamente planas e com alta infiltração, é importante e obrigatório.
 – conservação/recuperação de veredas, conforme o Código Florestal, para grandes e pequenas propriedades, extensivo para áreas urbanas.
 – implementação do programa “Produtor de Água” da ANA e de outros programas programas de pagamento de serviços ecossistêmicos para conservação do solo e da água – implantar uma comissão em cada uma das principais bacias (Ondas, São Desiderio, Branco, Femeas etc.).
Pedro Freitas Embrapa Solos complementa:: Você concorda com essas recomendações?  Queremos ouvir seus comentários, como um construtor de solos, a respeito.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta

Fonte: Notícias Agrícolas
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