Artigo – Danos causados pelo ataque do bicudo / Por: Celito Missio

Publicado em: 8 de julho de 2013

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A severidade dos danos causados pelo ataque do bicudo do algodoeiro na safra 2012/2013 na Região Oeste da Bahia

O bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) é uma praga específica da cultura do algodão, ou seja, só causa danos ao algodoeiro, assim como só se reproduz junto aos botões florais e maçãs jovens de uma planta de algodão. 

É a praga que tem o maior poder de destruição da produtividade na cultura do algodão, podendo chegar próximo a 100 %, se não for devidamente controlada. 

Os primeiros registros de sua presença em território Brasileiro datam de 1983. Nesta época, o algodão brasileiro era cultivado, na sua grande maioria, por milhares de pequenos produtores, localizados nas regiões Nordeste e Sudoeste (incluindo o estado do Paraná), desempenhando um enorme valor social e econômico para os produtores e para o Brasil. 

A chegada do Bicudo marcou a decadência vertiginosa da produção brasileira de algodão, transformando o país de um importante exportador para um grande importador de algodão naquele período. 

Este episodio, dada a importância da cultura do algodão para o Brasil, rendeu uma rigorosa legislação, tanto a nível Federal quanto Estadual, estabelecendo normas para seu cultivo, especialmente no que diz respeito a destruição de soqueiras e vazio sanitário. 

Não é de hoje que o controle do bicudo se fundamenta em práticas simples, de baixo custo e eficientes, que são a destruição de soqueiras e o vazio sanitário, indispensáveis para manter a população desta praga em níveis controláveis. 

Também é de fundamental importância o controle de tigüeras emergidas em áreas de rotação ou fora do perímetro das lavouras de algodão, como nas margens de rodovias. O fato de já existirem cultivares de soja, algodão e milho resistentes aos mesmos princípios ativos de herbicidas, o controle de tigüeras de algodão em áreas de rotação de culturas exige uma nova preocupação, que demanda registros e planejamento considerando cada situação específica. Em cada caso, haverá uma indicação de herbicidas apropriados, dosagens e, especialmente, a atenção para os momentos certos da aplicação. Pois, qualquer insucesso nesta fase pode se transformar em problema irreversível. 

A redução do plantio de algodão na safra 2012/13 originou uma extensa área com rotação de culturas de soja e milho. Nesta safra, a qualidade da destruição de soqueiras e controle de tigüeras não foram praticadas com a devida preocupação e responsabilidade por uma expressiva parcela dos produtores de algodão, e mesmo por muitos daqueles que deixaram de cultivar esta lavoura. 

A tecnologia de controle do bicudo é uma prática por demais debatida e conhecida, acessível, barata e dominada. No entanto, esta safra de algodão será marcada pelo alto nível de prejuízos causados pela incontrolável multiplicação do bicudo, originados especialmente das deficiências na erradicação de soqueiras e controle de tigüeras. 

O programa Fitossanitário da Abapa para a cultura do algodão não mediu esforços no sentido de identificar áreas em situação de desconformidade e relatar a situação aos produtores de cada núcleo correspondente. A atuação do programa é restrita no campo de identificação, orientação e convencimento, não tendo poder punitivo, cabendo este a ADAB que deverá exercê-lo com ainda mais rigor, disciplina e pró-atividade. 

Pagaremos um preço muito alto e desnecessário para reaprendermos o que já sabíamos. O valor desta conta será dividido injustamente por todos: não só pelos irresponsáveis ou incapazes de fazer bem feito, mas principalmente pelos muitos produtores que, embora fazendo tudo certo, não terão a oportunidade de usufruir da produtividade que poderiam. 

TODO COTONICULTOR SABE, MAS NÃO CUSTA RELEMBRAR E CONCIENTIZAR: 

• BICUDO SÓ SE MULTIPLICA EM PLANTAS DE ALGODÃO E NA FASE REPPRODUTIVA;
• LUGAR DE PLANTAS DE ALGODÃO É SOMENTE NAS LAVOURAS DE ALGODÃO.
• CADA BICUDO NASCIDO CORRESPONDE A UM CAPULHO DESTRUÍDO.
• CADA CASAL DE BIUDO, EM SEU CICLO DE VIDA, PODE IMPEDIR A FORMAÇÃO DE ATÉ 450 CAPULHOS.
• A FALTA DE APENAS UM CAPULHO POR PLANTA PODE REPRESENTAR ATÉ 500 Kg DE ALGODÃO EM CAPULHO POR ha.
• SEM A DESTRUIÇÃO EFICIENTE DE SOQUEIRA E TIGUERAS, NENHUMA OUTRA MEDIDA COMPLEMENTAR DE CONTROLE DO BICUDO TERÁ A EFICIENCIA DESEJADA.
• BICUDO É UMA PRAGA SOCIAL, SEUS DANOS NÃO SE LIMITAM ÀS PROPRIEDADES ONDE FORAM GERADOS, POR ISSO SÓ PODEM SER EFICIENTEMENTE CONTROLADOS A PARTIR DE MEDIDAS COLETIVAS E RESPONSÁVEIS. 

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