Brasil não descarta retaliação aos EUA sobre algodão

Publicado em: 20 de junho de 2011

O presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Haroldo Cunha, não descarta a possibilidade de o Brasil adotar retaliação cruzada, aprovada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), caso o Senado dos Estados Unidos aprove a suspensão do pagamento da compensação à indústria nacional pelos subsídios dados aos produtores norte-americanos e que foram considerados ilegais pela entidade máxima de comércio. Nesta quinta-feira, 16, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou cortes no orçamento para o setor agropecuário do país no valor de US$ 125,5 bilhões, medida que afeta o pagamento de US$ 12,275 milhões mensais ao Brasil.

Foi acertado entre Brasil e Estados Unidos a criação de um fundo em apoio à cotonicultura nacional que pode receber até US$ 360 milhões. Até o momento, US$ 170 milhões foram depositados. Cunha deve se reunir nos próximos dias com o Itamaraty para definir a atitude a tomar. “Talvez o governo brasileiro tenha que colocar pressão no próprio governo americano. Mas se houver interrupção do pagamento, o memorando de entendimento perde a vigência e o Brasil pode retomar a decisão de retaliar. Não descarto a possibilidade de a retaliação acontecer”, disse Cunha à Agência Estado. O IBA foi criado para gerir os recursos do fundo.

Haroldo Cunha acredita na possibilidade de o Senado não acompanhar Câmara na suspensão dos recursos acertados por conta do contencioso na OMC. Segundo ele, empresas que se sentirem ameaçadas pela possibilidade de retaliação podem fazer um lobby mais intenso. Além disso, conforme ele, existe uma forte coalizão nos EUA – incluindo o Conselho Nacional do Algodão (NCC), associações e empresas – favorável à manutenção do pagamento, por entender que é preciso evitar o contra-ataque do Brasil. “Eu já comuniquei a notícia para o Itamaraty. Agora temos que entender o que aconteceu e avaliar se poderemos intervir de alguma maneira. Eles precisam entender que essa situação é séria, não é uma questão orçamentária para o Brasil”, disse Cunha. O executivo disse que está marcada para daqui um mês uma reunião entre representantes dos dois governos para avaliar o andamento das negociações em relação aos programas de subsídios e as decisões tomadas pelo IBA. Agora, a questão do pagamento deverá acabar dominando a pauta.

Ao vencer o contencioso na OMC, o Brasil recebeu, em novembro de 2009, o direito de aplicar retaliações cruzadas contra os EUA, mas os dois países chegaram a um entendimento que prevê o pagamento da compensação até que os EUA cumpram com as determinações do contencioso, provavelmente ao votarem uma nova lei agrícola em 2012.

Fonte: Abrapa

Compartilhar:
;