Criada em MT trading de produtores debuta com venda de algodão à China

Publicado em: 12 de maio de 2010

A Libero Commodities, trading criada por produtores de algodão, soja e milho do Centro-Oeste, começou a funcionar oficialmente com a primeira venda de algodão para a estatal chinesa China National Cotton Group Corporation, realizada no fim de abril. O volume ainda é simbólico – cerca de 1 mil toneladas – mas trata-se de um cliente que consome 1 milhão de toneladas da pluma anualmente. Nos próximos dois anos, o foco da Libero deve ser a comercialização da pluma. Mas após esse período, a empresa deve passar a vender também milho e soja – neste último caso, os volumes podem atingir 20% da safra brasileira da oleaginosa.

Como a produção de algodão do Brasil é vendida em sua maior parte antecipadamente, neste ano a Libero deve movimentar quantidades marginais, resultado de operações “spot” (compra no mercado disponível). “Uma grande parte da produção deste ano já está com venda comprometida com as outras tradings”, diz Gilson Pinesso, presidente da Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa), entidade que liderou a criação da Libero.

Em 2011, no entanto, a trading vai expandir suas operações e deverá comercializar, pelo menos, 75 mil toneladas da pluma que será plantada a partir de dezembro deste ano e colhida em 2011. No médio prazo, a Libero tem potencial para movimentar 500 mil toneladas de algodão.

Por que produtores precisam criar uma trading? A resposta passa, obviamente, pela vantagem de eliminar um “atravessador”. Com a Libero, o produtor rural pode vender a pluma diretamente ao importador, sem a intermediação das tradings tradicionais. Mas a principal motivação, diz Pinesso, está na garantia de que o algodão chegará ao destino final com as especificações e qualidades contratadas, o que nem sempre acontece.

Isso porque, afirma Pinesso, a despeito de todo o marketing feito no exterior sobre a qualidade do algodão do Brasil e da boa produção da porteira para dentro, quando o fardo sai da fazenda rumo ao destino final, passa por “acidentes” no caminho como a estocagem em armazéns, caminhões e contêineres sujos e mistura com outros fardos de especificações diferentes.

O resultado é que quando chega ao cliente final o algodão entregue é bem diferente do contratado, segundo o presidente da Ampa. “Isso é vexatório para os produtores do Brasil, por isso, agora estamos assumindo esse elo da cadeia”.

Até o momento, a Libero tem em sua composição societária produtores individuais, companhias e cooperativas brasileiras que somam 30 sócios. Juntos, respondem por uma área total de 4,5 milhões de hectares plantados com soja, milho e algodão no Centro-Oeste brasileiro, segundo Adrian Moguel y Anza, CEO da Libero.

“A informação que antes era acessível às tradings tradicionais hoje se transmite de forma instantânea a outros agentes da cadeia. A estrutura de mercado está mudando e a Libero reflete isso. Não somos uma trading tradicional, mas uma extensão do produtor”, afirma Adrian.

A holding da Libero tem sede em Amsterdã, na Holanda, e as subsidiárias estão localizadas em Genebra, na Suíça, e no Brasil – em Cuiabá (MT) e em Luís Eduardo Magalhães (BA). “A forte presença na Europa é estratégica para acessar recursos financeiros a juros mais baixos. Também facilita as ações de marketing nos mercados-alvo do algodão, como Ásia, Oriente Médio África e Europa”, explica o CEO da Libero. Além dos volumes de algodão, Pinesso estima que a trading tem potencial para movimentar 12 milhões de toneladas de soja, o equivalente a 20% da produção nacional da oleaginosa, e 3 milhões de toneladas de milho.

Fonte: Abrapa

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