Início da colheita nas principais regiões produtoras faz preço do algodão cair

Publicado em: 2 de junho de 2011

Com o início da colheita nas principais regiões produtoras, o preço do algodão deve voltar a cair. A cotação chegou ao pico de R$ 4 por libra-peso em meados de março e caiu para quase metade na semana passada. Mas não é só a oferta que vai determinar o preço até o fim do ano.

Preocupado com o rendimento da safra o produtor Luiz Henrique Carvalho acompanha até a classificação do algodão que vende. Esta atenção, diz ele, começa lá na lavoura.

“Desatentamente nós teríamos mais impurezas, maior contaminação e, com isso, a gente, na classificação, perderia o valor do produto”, disse Luiz Henrique.

Luiz Henrique é um pequeno produtor do Estado de São Paulo. Ele vendeu a arroba da pluma na última semana por R$ 82 para uma algodoeira em Leme, a 200 quilômetros da Capital.

Com o começo da safra o movimento é intenso. Por dia, chegam até cinco caminhões carregados de algodão. Até o fim de agosto, as máquinas vão trabalhar muito, e devem ficar ligadas 10 horas por dia.

Cerca de 40% do algodão bruto que entra, sai limpinho e em fardos, prontos para a indústria. O gerente da algodoeira de Leme, Alberto José Almeida, diz que a qualidade do algodão está muito boa este ano.

“Está muito boa. Está bem melhor do que no ano passado para trabalhar. Está mais bonito”, disse ele.

A qualidade da fibra dá preço ao algodão, mas depende também do ritmo de trabalho das outras máquinas no campo. O início da colheita nas principais regiões produtoras indica que a safra foi boa e que o preço começa a cair.

A oferta é só um dos fatores que compõem o preço, lembra o pesquisador de preços do Cepea, em São Paulo, Lucílio Alves. Os estoques de algodão estão baixos, diz ele, e muitos contratos de venda já foram feitos. Pelo menos a metade da safra está comercializada.

Os números recentes mostram que aconteceu uma reviravolta no mercado nos últimos meses. O produtor que recebeu pelo algodão até os primeiros quinze dias de março chegou a pegar mais de R$ 130 pela arroba. A indústria reclamou e os preços caíram quase que pela metade. Dois meses depois, em 17 de maio, a arroba estava em R$ 72, uma queda de 46%. Na última semana, fechou na casa dos R$ 75.

“A expectativa é que, a partir de julho, agosto, com o avanço da safra, especialmente no Centro Oeste, devido à cultura da segunda safra em Mato Grosso, aí pode ser que haja um pouco mais de pressão sobre os preços, porém, ainda vai ser um momento de incerteza de safra mundial, principalmente a americana. Ao mesmo tempo, os produtores estarão fazendo caixa com o produto já negociado”, observou Lucílio Alves.

Faz um mês que a colheita começou em uma propriedade no interior de São Paulo. Em 20 alqueires devem ser colhidas, até o fim da safra, 10 mil arrobas de algodão. O gerente da fazenda, José Luiz Valle, diz que o preço vai determinar o destino da plantação. A área é arrendada, e só será de novo se valer a pena.

“A colheita agora assusta um pouco porque é colheita, mas depois normaliza. Acho que vai dar uma produção boa e a turma vai investir mais”, falou José Luiz Valle.

Fonte: Abrapa

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