Preço da pluma deve se estabilizar em nível alto

Publicado em: 5 de abril de 2011

Alta da demanda e de outros preços agrícolas impede recuo da cotação para média histórica, embora os valores recordes não tendam a se sustentar.

Os altos preços atuais do algodão possuem um componente especulativo e não deve se sustentar no longo prazo. Porém, a indústria têxtil mundial precisará se acostumar a pagar mais por sua principal matéria-prima. Assim como ocorre com a maior parte das commodities agrícolas, os analistas do mercado de algodão acreditam que os preçosmédios do produto serão mais altos nos próximos anos do que foram nos últimos.

Além de a demanda estar crescendo nos países emergentes, inclusive no Brasil, e de os estoques mundiais de algodão estarem baixos, a disputa por terras para ampliar a produção é acirrada. Afinal, produtos como soja e milho também oferecem rentabilidades bem acima damédia histórica.

Como a demanda por alimentos mostra curva ascendente, a tendência é que os preços do algodão se estabilizem em patamar superior à média histórica anterior à alta atual. “Se os preços voltarem ao patamar histórico de US$ 20 por arroba, muitas áreas de produção serão inviabilizadas e o preço voltará a subir”, avalia o consultor Fábio de Almeida Melo, da Ceres Consultoria, de Primavera do Leste (MT).

Foi justamente a redução na área plantada que levou à alta de preços atual. Após a crise financeira de 2008, a demanda mundial por produtos têxteis se retraiu e a produção despencou. No Brasil, a área plantada caiu por três safras consecutivas, até o ano passado (veja o gráfico). “Muita roupa foi remendada durante a crise”, diz Melo. Por não ser umproduto de primeira necessidade, como os alimentos, o algodão sentiu mais os efeitos da crise.

Mas a retomada da atividade econômica mundial acelerou a demanda pelo produto em um momento de retração da produção, fazendo o preço disparar sem dar tempo para a produção se recuperar. “Vínhamos operando com estoques muito baixos, quaseno vermelho”, afirma a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Isabel da Cunha, do grupo algodoeiro Ilmo da Cunha.

Novo patamar Na visão de Melo, os preços que hoje chegam a US$ 65 por arroba devem se estabilizar por volta dos US$ 30. Bem acima da
média histórica, mas muito abaixo dos preços praticados atualmente. “Quem tem algodão para vender no Brasil hoje consegue em média o dobro do preço de quem possui contratos de venda”, diz o consultor.

Cerca de 80% da safra brasileira que começará a ser colhida
em junho foi comercializada a um preço médio de US$ 33 por arroba, segundo a Ceres. Embora bem abaixo do pico de preço que o mercado vive neste momento, o valor é suficiente para remunerar bem os produtores, de acordo com Isabel da Cunha. “Mais de metade da safra teve seus preços travados antes de a cotação disparar, em setembro
de 2010, e apenas uma parte menor da produção receberá esses preços recordes”, diz ela.

Na safra que será plantada no fim deste ano, as perspectivas devem continuar favoráveis para os produtores brasileiros. “Além de o cenário de demanda forte se manter, os grandes países produtores não apresentam potencial de aumento da produção suficiente para impactar significativamente a oferta”, afirma Melo, da Ceres.

A Índia, segundo maior produtor mundial, reduzirá a safra. Os Estados Unidos, maior país importador, preveem um aumento de 15% na área plantada, o que frustrou as expectativas do mercado e fez os preços voltarema subir na semana passada.

Fonte: Abrapa

Compartilhar:
;