Patrulha Mecanizada

Todos os anos, só na região Oeste da Bahia, em torno de 200 mil caminhões ganham as estradas, percorrendo o caminho das fazendas e armazéns até o porto, para escoar a safra de grãos e algodão. E um número não muito diferente deste faz o caminho de volta, trazendo para a região os insumos necessários à produção. Quem vive ou passa pelo Oeste da Bahia, sabe o quão intenso é o tráfego nas rodovias federais e estaduais, principalmente, nos períodos de plantio e colheita de culturas como a soja e o algodão e o milho.

Se nas vias mais importantes o trânsito de veículos pesados já tem um impacto no tempo de deslocamento, nas estradas vicinais, que são aquelas que conectam as propriedades rurais e as principais rodovias, a situação se complica ainda mais. Isso porque grande parte delas não são asfaltadas, o que, por si, só já compromete a trafegabilidade, e a situação se agrava no período chuvoso. É comum ver caminhões quebrados por dias, alguns deles, com cargas vivas, sendo rebocados por tratores. O resultado disso, além do transtorno, são prejuízos, aumentos consideráveis nos custos de frete, atrasos nas entregas e, principalmente, os ricos à vida humana.

A solução deste problema veio em forma de união. Os cotonicultores do Oeste da Bahia entenderam que esperar a mudança na realidade demoraria muito mais tempo que empreender esta mudança. Assim, em 2013, foi criado o Projeto de Aquisição de Máquinas, Insumos e Veículos Auxiliares para a Conservação dos Recursos Naturais da Lavoura de Algodão e Escoamento da Produção, ou simplesmente “Patrulha Mecanizada”, que está revolucionando a logística na região, e contribuindo para a sustentabilidade da cotonicultura e do agro regional, como um todo. Esta é uma iniciativa dos agricultores que beneficia o patrimônio público, e está alicerçada no triplo pilar do conceito de sustentabilidade: ambiental, social e econômico.

A iniciativa é financiada pelo instituto Brasileiro do Algodão (IBA), executada pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), e conta com a parceria dos produtores rurais do Oeste, da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), do Programa para o Desenvolvimento da Agropecuária (Prodeagro), do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro) e das prefeituras municipais.

O Governo do Estado participa através do Prodeagro, que é uma renúncia fiscal aprovada através do Decreto número 14.500 de maio de 2013. Este fundo é gerido por um conselho gestor composto pela Aiba, Abapa, Fundação Bahia, Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia e Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia. Outros parceiros são a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a Fundação Bahia e a Codevasp (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

Sustentabilidade

Os benefícios econômicos do Patrulha Mecanizada são evidentes, com a redução de custos de produção e do tempo necessário ao escoamento das safras e insumos. Os sociais, da mesma forma, são diretos, com o incremento da segurança, o conforto dos viajantes e a facilidade de acesso, inclusive em situações estanque como emergências médicas. No que tange ao meio ambiente, os impactos positivos do projeto também são muito relevantes, pois o Patrulha agrega intervenções especificas, que têm por finalidade a conservação ambiental, contribuindo para o direcionamento da água das chuvas e promovendo seu aproveitamento.

Obras como barreiras de contenção (lombadas), desvios laterais (saídas d’água, sarjetas, valetas e desaguadores), além de bacias ou caixas de captação, bueiros de concreto e barraginhas para captação de água, construídas em pontos estratégicos ao longo das vias, refletem na redução dos processos erosivos causados pelas chuvas. Essas obras impedem que a água escorra pelas estradas, evitando os buracos, atoleiros, e, consequentemente, a quebra de veículos. Elas também interrompem o processo de assoreamento dos rios, colaborando para o abastecimento do lençol freático, através da infiltração da água da chuva no solo.

Evolução

Quando a ideia de criar o projeto surgiu, a meta dos produtores de algodão era recuperar os 7 mil quilômetros de estradas vicinais, usando máquinas adquiridas com recursos dos fundos para realizar obras de infraestrutura como patrolamento, cascalhamento, terraplenagem, dentre outras. Naquele momento, a pavimentação asfáltica não estava contemplada, o que veio a acontecer a partir de 2018. Os resultados esperados têm sido alcançados a cada quilômetro de estrada pavimentado.

Deste então, o projeto já asfaltou 230 quilômetros de rodovias e trabalhou na manutenção de mais seis mil quilômetros, em mais de 50 estradas vicinais do Oeste da Bahia.

 

 

 

 

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