O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen Rodrigues, abriu a 10ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), na noite desta terça-feira (01/09), no centro de convenções do Recanto Catarata Resort, em Foz do Iguaçu (PR), mostrando-se otimista. Ele propôs uma agenda positiva para a cotonicultura, diante de um momento delicado da economia brasileira e internacional e dos atuais problemas enfrentados pelos produtores, como o aumento da incidência do bicudo-do-algodoeiro nas lavouras, das dificuldades de acesso a crédito, do aumento de custos e da concorrência.
Uma das principais propostas de Jacobsen é a união de produtores, técnicos, governo, comunidade científica e indústrias de defensivos para a realização de uma campanha nacional de enfrentamento ao bicudo, que classificou como o maior entrave enfrentado atualmente pelo setor. “Segundo cálculos, os produtores de algodão estão convivendo com uma perda estimada de R$ 1,7 bilhão por ano devido aos danos causados pela praga. Se não adotarmos medidas enérgicas, eficientes e com comprometimento coletivo, perderemos novamente para o bicudo”, disse.
Outro ponto destacado pelo presidente da entidade foi o trabalho que a Abrapa já vem realizando junto ao governo. A ideia é que sejam aprovados novos mecanismos e novas formas de captação de recursos externos, além de medidas de desburocratização que possibilitem aos bancos repassar aos produtores recursos internacionais com custos mais baixos, aliviando a pressão do setor sobre a escassez dos recursos nacionais. A questão do seguro rural também é outro aspecto que a entidade está buscando melhorar com a criação de um sistema eficiente, que permita aos produtores negociarem diretamente com as seguradoras.
Para enfrentar a concorrência com fibras sintéticas e valorizar o algodão brasileiro, por sua vez, a Abrapa ainda lançou o desafio de realizar um programa de marketing de conscientização dos consumidores sobre a vantagem de se usar produtos de algodão, com o objetivo de elevar a demanda interna.
Jacobsen ainda destacou que, com o apoio da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, e da Frente Parlamentar da Agropecuária, a entidade está acompanhando o desenvolvimento de uma nova legislação de registro de defensivos agrícolas, com o objetivo de dar mais agilidade aos processos a fim de que os produtores obtenham produtos mais eficientes.
Novas tecnologias
O diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto, que representou a entidade, ressaltou em seu breve discurso a postura proativa dos cotonicultores, na sua demanda cada vez maior por novas tecnologias. “O desenvolvimento de novas tecnologias é fundamental para a competitividade do algodão, sobretudo diante da concorrência dos sintéticos”, destacou.
Martin Neto fez questão de destacar a agenda da Embrapa em relação à cultura do algodão e que inclui o programa de melhoramento genético orientado com novas cultivares com alta qualidade de fibra, precocidade e maior tolerância a fatores adversos, com lançamento estimado para 2017.
Assim como Jacobsen, o representante da Embrapa lembrou que o bicudo, que chegou ao Brasil na década de 1980, precisa ser enfrentado. Além de falar sobre as pesquisas relacionadas ao manejo integrado de pragas. Martin Neto destacou que a Embrapa está num processo avançado de criação de uma plataforma de pesquisa voltada ao desenvolvimento de cultivares do algodão transgênico com foco na resistência ao bicudo-do-algodoeiro. “Essa é uma parceria com a Abrapa. Estamos construindo essa agenda e esperamos que, com essa pesquisa, ao longo dos anos possamos entregar os resultados”.
Além de Jacobsen e Martin Neto, compuseram a mesa da cerimônia de abertura do 10º CBA o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Rafael Cervone; o diretor executivo do Comitê Consultivo Internacional de Algodão (Icac – International Cotton Advisory Committee, na sigla em inglês), José Sette; o presidente executivo do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Haroldo Cunha, e o diretor da Agência Brasileira de Cooperação, embaixador João Almino.
O 10º CBA segue até sexta-feira (4), com uma agenda de mesas-redondas e plenárias que contam com a participação de especialistas que estão discutindo desde o panorama econômico do Brasil e do mundo até os principais problemas enfrentados pela cotonicultura. Paralelamente aos debates, acontece uma exposição de produtos, serviços e soluções para as lavouras de algodão. O evento conta com o apoio científico da Embrapa e do Iapar – Instituto Agronômico do Paraná.
Fonte: Assessoria de Imprensa e Comunicação do 10º CBA