Algodão avança em ano de recorde na soja

Publicado em: 1 de março de 2011

Luis Eduardo Magalhães, BA – Principal vedete da safra recorde esperada para 2010/11, a soja divide os holofotes com culturas alternativas no Centro-Norte do Brasil. Na região Oeste da Bahia, é a oleagi¬¬nosa quem sustenta o re¬¬sultado recorde previsto para esta temporada, mas a grande estrela deste ve¬¬rão é o algodão. Os maiores preços da história fizeram a pluma recuperar o terreno perdido, com incremento de 48% na área de cultivo e aumento de 58% no volume de produção. Na região, o algodão ocupa neste ano 362,7 mil hectares, 117,8 mil a mais que no ano passado.

Parte da área adicional veio do milho, que teve redução de 10% na área neste verão, mas o maior crescimento ocorreu sobre áreas de pousio, explica o assessor de Agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Alcides Viana. Em 153 mil hectares, o cereal deve render aos baianos 1,3 milhão de toneladas em 2010/11. Praticamente estável com relação ao ciclo anterior, a soja ocupa 1,06 milhão de hectares e tem produção prevista de 3,2 milhões de toneladas.

“O produtor sabe o que faz. Como todos os produtos estão com preços bons neste ano, optou por investir em culturas que têm restrições sanitárias no inverno, como a soja e o algodão, e deixar o milho para depois, em áreas de pivô”, observa Viana. Segundo ele, a região deve cultivar cerca de 15 mil hectares irrigados com o cereal após a colheita da soja. “Depois de perder espaço neste ano, o milho vai voltar com força no ano que vem. A demanda do mercado interno aqui na região é muito grande. As multis já estão, inclusive, procurando contratos para 2012, mas não encontram vendedor”, relata.

O crescimento previsto para o cereal, contudo, não deve ocorrer às custas do algodão, que já tem cerca de 60% da produção prevista para 2012 comprometidos e negócios sendo fechados com dois anos de antecedência. Atual¬¬mente, a arroba da pluma vale R$ 70 na região, preço considerado excelente pelo setor produtivo.

As cotações altas atraíram de volta para a fibra não apenas produtores que já possuem estrutura para a cultura, mas também aventureiros de primeira viagem. É o caso do norte-americano Michael Gretter. Natural de Iowa, estado tradicional no cultivo de grãos, ele nunca havia plantado algodão antes, mas, mesmo sem maquinário próprio e know how de produção, resolveu investir na pluma neste ano. Para isso, manteve a área de milho e reduziu o plantio da soja. Com 60% do algodão vendido, se diz satisfeito com os preços e afirma não se preocupar com a falta de experi6encia na cultura. “Na hora de colher alugo máquina e contrato mão de obra especializada. Com essas cotações está valendo a pena”, diz.

Assim como acontece com o algodão na Bahia, o preço é o melhor insumo para o crescimento do milho no Sul do Piauí. Produtores que há dois anos plantavam apenas soja hoje investem pesado para produzir milho de alta tecnologia. No verão e no inverno, o cereal vem ganhando espaço na comunidade de Nova Santa Rosa, distrito do município de Uruçuí. A necessidade de rotacionar culturas e um mercado doméstico pujante que chega a pagar prêmio de R$ 10 por saca pelo milho produzido na região estimulam o investimento.

“A mesma saca de milho que vendo por R$ 23 no Paraná sai a R$ 32 aqui no Piauí. É um ótimo negócio”, conta Wilson Marcolin. Depois de 12 anos na região, esta é apenas sua segunda safra de milho. “No início, achávamos que o milho não iria dar muito certo aqui porque o solo é muito pobre. Mas descobrimos que ele responde muito bem à adubação. No ano passado, minha primeira safra de milho, tive média de 9 mil quilos por hectare. Neste ano dobrei a área de cultivo e espero produtividade ainda maior. Se der tudo certo, no próximo ano vou aumentar o plantio mais uma vez”, diz.

Fonte: Abrapa

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