Grupo Pinesso inicia colheita no Sudão

Publicado em: 23 de outubro de 2010

O Grupo Pinesso, que cultiva soja e algodão no Centro-Oeste brasileiro, iniciará no próximo mês a colheita de sua primeira safra de algodão no Sudão. A despeito da longa guerra civil que assola o país africano, suas terras são consideradas muito favoráveis à agricultura, graças ao clima e aos abundantes recursos hídricos. Para o grupo brasileiro, o resultado é que, mesmo em sua primeira safra, os níveis de produtividade deverão ser bem semelhantes aos alcançados no Brasil.

Uma área de 400 hectares de algodão foi plantada em junho passado. Dela, estima-se retirar 1,3 mil quilos de pluma por hectare, bem acima dos 300 quilos por hectare atingidos por produtores locais de algodão, conta Gilson Pinesso, presidente do grupo que leva seu sobrenome.

O desempenho também está acima das próprias expectativas iniciais do produtor brasileiro. Por se tratar do primeiro plantio no país africano, ele esperava algo próximo de 1,2 mil quilos por hectare. No Brasil, a produtividade média na safra 2009/10 foi de 1,43 mil quilos por hectare, resultado de uma quebra de produção devido a condições climáticas desfavoráveis, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “A incidência solar e as chuvas aconteceram no Sudão na medida certa”, comemora.

Nesta semana, o grupo Pinesso também dará a largada a sua primeira colheita de soja no país africano. Foram plantados 120 hectares do grão, mas, por conta do atraso de 40 dias no cultivo, a produtividade ainda deverá ser baixa para os padrões brasileiros e ficar em torno de 2 mil quilos por hectare. No Brasil, a produtividade da safra 2009/10 foi de 2,93 mil quilos por hectare, conforme a Conab.

O cultivo do grupo Pinesso no Sudão é realizado em parceria com a empresa sudanesa Agadi, com sede na cidade de mesmo nome. Para implementar os dois cultivos, foram investidos US$ 1 milhão, sobretudo na aquisição de máquinas e implementos agrícolas.

Em 2011, o projeto deverá abranger uma área total de 40 mil hectares – entre soja, algodão e milho. O cultivo se dará em Agadi, onde o projeto teve início, e em uma cidade distante 40 quilômetros de lá, chamada Ad-Damazin, ambas a mais de 1 mil quilômetros via rodovia da capital Cartum, epicentro da guerra civil que já matou milhares de pessoas e desalojou 2 milhões de sudaneses desde 2003.

Os investimentos para a próxima safra são estimados em US$ 37 milhões. Desse total, explica Pinesso, US$ 17 milhões serão para custear o plantio das lavouras e o restante para investimento em máquinas agrícolas e de beneficiamento.

Na parceria, o aporte de recursos fica a cargo da Agadi. O Grupo Pinesso , que em 2009 faturou R$ 250 milhões, entrará com as técnicas de plantio e novas tecnologias. O lucro líquido será distribuído em partes iguais. O governo do país africano participa com isenção de impostos sobre aquisição de máquinas e equipamentos e financiamento a juros de 3% ao ano.

No Brasil, Pinesso preside a Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa), principal Estado produtor do país, e cultiva sozinho no Cerrado brasileiro 80 mil hectares, sendo 60 mil de soja e 15 mil de algodão.

Nas áreas sudanesas, Pinesso deve fazer alguns ajustes agronômicos para o próximo ciclo. Entre eles, vai usar 30% menos adubo do que nesta temporada, uma vez que, nutridos pelas águas dos dois rios Nilos (Branco e Azul), os solos sudaneses mostraram-se ainda mais férteis do que se imaginava inicialmente. “Em vez de aplicar após o plantio, vamos introduzir o adubo juntamente com a semente. Também usaremos 300 quilos por hectare, em vez de 400 quilos por hectare”. No Brasil, usa-se 1,2 mil quilos de fertilizante por hectare.

Com essas vantagens competitivas, o custo de plantio, colheita e beneficiamento do algodão no Sudão está estimado em US$ 1,060 mil por hectare, valor que é de US$ 2,2 mil pela mesma área no Brasil.

A produção sudanesa de algodão desta safra – 520 toneladas de pluma – será exportada, diz o executivo. Já a de soja será transformada em semente. Será replantada entre dezembro e janeiro e colhida em março, quando será novamente multiplicada em semente para o plantio dos 10 mil hectares que serão cultivados em junho do ano que vem, conta Pinesso.

Fonte: Abrapa

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