Helicoverpa armigera exige uma “nova tentativa” de controle biológico

Publicado em: 24 de setembro de 2013

Com o aparecimento de uma das piores pragas do agronegócio brasileiro, a Helicoverpa armigera, uma nova tentativa de utilização de controle biológico deve ser feita. A opinião é do engenheiro agrônomo Celito E. Breda, que é consultor agronômico da Círculo Verde, da cidade de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. 

“É sabido que ao longo dos últimos 50 anos houve algumas tentativas de emplacar o uso generalizado de controle biológico de pragas no Brasil. Até então, com raras exceções, não tem dado certo, e o motivos disso é a falta de persistência de todos nós: pesquisadores, produtores, consultores, governos e dos próprios fabricantes”, aponta Breda. 

O especialista analisa que “nossa cultura voltou-se, por comodismo natural, para as ferramentas de controle químico. Aparecia um problema, lá estavam 10 a 20 soluções já prontas nas prateleiras – todas com grande eficácia. Com a Helicoverpa armigera, o assunto foi retomado e com grandes expectativas”. 

Breda explica que esta praga “mais que quaisquer outras, exige sim um MIP (Manejo Integrado de Pragas) adequado e de forma coletiva numa região agrícola”. Esse manejo, explica ele, inclui a integração de “controle cultural”, “controle biológico”, “controle com transgenias” e “controle químico complementar”. 

Na avaliação dele, “o químico, que deveria ser ‘complementar’, virou regra geral. “Para esta praga, somente [esse controle] não tem surtido bons efeitos, e também sem muitas garantias de pleno sucesso no controle. Tanto em lavouras transgênicas como convencionais, exige-se um novo sistema de manejo, integrando de fato os quatro métodos”. 

O consultor aponta “os vírus” como a principal alternativa para lepidópteros em soja, sorgo, milho e feijão. “Alguns já existem a muitos anos, mas são pouco utilizados. Um exemplo é o “Baculovírus anticarsia”, para a lagarta da soja. Outros estão ainda em fase de pesquisas, e provavelmente teremos boas notícias em breve. São eles: Baculovírus para Spodopteras e para Plusias. 

Ele complementa que “os vírus para Heliothinae já estão prontos no mercado mundial. Dentre os produtos pesquisados por nós, técnicos, na Australia (país que utiliza muito bem esta ferramenta de controle e manejo), o vírus HzNPV, produzido pela empresa AgBitech e registrado e distribuido exclusivamente pela CCAB Agro S.A. no Brasil ,tem sido o mais utilizado naquele país. Sua eficiência foi divulgada pelos produtores e pesquisadores australianos, quando estivemos lá em fevereiro de 2013”. 

“Aqui na Bahia fizemos vários trabalhos e obtivemos ótimos resultados. Como se trata de um produto bastante técnico, recomendamos que sejam aplicações assistidas. É importante a presença de consultores/técnicos e monitores de pragas treinados. Quem usou nas áreas irrigadas da Bahia gostou muito, pois o residual deste vírus chegou atingir até 30 dias, coisa que não acontece com os químicos para Helicoverpa”, contou. 

Por fim, Breda adianta que irá “testar o vírus HzNPV em outras situações e culturas, e temos grande expectativa de que esta será a principal ferramenta de manejo de Helicoverpa e Heliotis em soja na Bahia nos próximos anos. Com essa ferramenta, integrada aos OGM’S , controle cultural e químicos complementar, teremos lavouras com menores riscos e menores custos. Teremos uma agricultura em grande escala e com sustentabilidade”. 

FONTE: AgrolinK / Leonardo Gottems

Compartilhar:
;