Meteorologista Molion pede cautela na semeadura da safra 20/21

Publicado em: 3 de setembro de 2020

Em uma live organizada e patrocinada pela Cooperativa dos Produtores Rurais da Bahia (Cooperfarms), na quinta-feira (27/08), Luiz Carlos Molion, um dos mais conceituados meteorologistas do país, professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), bacharel em Física pela USP, PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (USA) e pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), pediu aos produtores do Oeste da Bahia cautela na semeadura da próxima safra.

Defensor do método de previsão por similaridade, que compara eventos semelhantes, Molion afirmou que 2020/2021 terá ciclo semelhante aos anos 2004/2005, respectivamente, indicando uma redução no volume de chuva de outubro a dezembro, com previsão de normalidade a partir do dia 20 de novembro. “Por favor, não se aprecem para o plantio da safra 2020/21”, alertou.

Segundo ele, a virada deve ocorrer entre os meses de janeiro a março, com previsão de acréscimo de até 40% no volume de chuva, o que representa cerca de 300 mm a 400 mm, além do normal. “Convém retardar ao máximo o plantio, porque garantidamente de janeiro a março teremos chuvas”, reiterou. Por similaridade aos anos de 1997 – 2005, as chuvas deverão ficar acima da média em 2020, cerca de 20% e um pouco abaixo da média, cerca de -10% em 2021.

Histórico – Na análise de precipitações dos últimos 101 anos, Barreiras – ponto de análise do pesquisador, registrou média anual de 1.010 milímetros, sendo dezembro o mês mais chuvoso com média de 211mm e veranicos em fevereiro com registro de 126mm, fato que, segundo Molion, está ligado ao deslocamento do sol com relação a superfície do planeta.

O método revela ainda que as secas mais severas foram registradas nos anos de 1954 e 1963, por exemplo, e não de 2012 a 2017. “Sob o ponto de vista meteorológico, a estiagem prolongada de 2012 a 2017 não foi tão severa em relação aos anos de 1954 e 1963. Entretanto, o impacto econômico social do agro de hoje é muito maior que daquela época quando predominava a agricultura de subsistência. Ou seja, o homem não tem interferência alguma no clima global”, defendeu.

Próxima década – Segundo Molion, o sol, sendo uma fonte de energia, está no período de baixa atividade e permanecerá até 2032, ou seja, o ciclo solar indica baixa temperatura e um aumento de cobertura de nuvens. Para a região Oeste da Bahia, a análise por similaridade revela que não haverá nenhum evento crítico: as precipitações pluviométricas anuais terão uma média de 1.050 ± 270 mm/ ano, podendo ocorrer neste período, um a dois anos de precipitações menores de 820 ± 270 mm/ ano. “Os números de dias com chuvas serão menores, com frequência maior de tempestades entre janeiro e março, veranicos em fevereiro, além de invernos mais secos e com amplitude térmica diária maior”, detalhou Molion.

O webinar que contou com a expressiva participação de mais de 230 internautas entre produtores, gerentes de fazendas, consultores e técnicos, foi retransmitido no canal do YouTube da Cooperfarms. Segundo o presidente da Cooperfarms, Marcelo Kappes, a liberação de acesso para produtores não cooperados foi um pedido das entidades de classe e sindicais de Luís Eduardo Magalhães e de Barreiras ao Conselho de Administração da Cooperativa, devido a precisão e a assertividade do método defendido pelo meteorologista.

“Ficamos surpresos com a tamanha repercussão da live com o pesquisador Molion, isto demonstra, sobretudo, a serenidade e a transparência do trabalho desenvolvido pela Cooperativa na região, inclusive nos estados vizinhos”, disse Kappes. O webinar foi custeado com recursos do Fundo de Assistência Técnica e Educacional (FATES) que, no acumulado do exercício de 2019, ultrapassa R$ 680 mil, conforme balanço apresentado em Assembleia.

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