Para Abapa, capacitação é empregabilidade

Publicado em: 5 de maio de 2022

Desde que foi criado, em 2010, o CT da Abapa já capacitou, aproximadamente, 51 mil pessoas e disponibilizou mais de 2,2 mil treinamentos.

Com o investimento maciço em pesquisa científica e tecnologia, o Brasil desenvolveu um modelo de agricultura tropical sem precedentes no mundo, que evolui em ritmo vertiginoso, a reboque das inovações. E se um terço dos empregos do país estão direta ou indiretamente ligados ao campo, as pessoas que ocupam estes postos também precisam acompanhar a evolução. Não é sem motivo que o Centro de Treinamento Parceiros da Tecnologia, da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), é hoje uma das prioridades da associação, pois tem como missão suprir uma demanda por mão de obra capacitada, dentro e fora das fazendas, com oferta de treinamentos, inclusive, para a comunidade, gratuitamente. Desde que foi criado, em 2010, o CT da Abapa já capacitou, aproximadamente, 51 mil pessoas e disponibilizou mais de 2,2 mil treinamentos.

A aprendizagem técnica oferecida no CT conta com o respaldo de empresas parceiras, como as fornecedoras de tecnologias para o agro, além de instituições com expertise em educação, como SENAR, SENAI e os demais braços do “Sistema S”. Isso garante aos alunos certificação de qualidade e reconhecida pelo mercado. O que, para muitos, como Alciclei Gomes, representou o primeiro passo de uma grande transformação de vida.

Responsável pelo departamento de Compras da Abapa, Alciclei procurou a instituição há sete anos, pleiteando um cargo, durante a safra, no Centro de Análise de Fibras da associação, localizado no município de Luís Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia. À época, ele possuía apenas o diploma de conclusão do Ensino Médio.

“Fui contratado e, pouco tempo depois, surgiu uma vaga para trabalhar no CT. Essa experiência me abriu os olhos para a importância da capacitação. Fiz diversos treinamentos lá dentro, como os de Gestão de Equipes, 5S, Excel e Informática Básica. Depois, tive a chance de partir para a minha primeira formação como Técnico em Agropecuária, através de uma parceria da Abapa com a Unidade Federal de Viçosa (UFV), que durou dois anos em regime semi-presencial”, lembra. Todos estes aprendizados moveram Alciclei a mirar novos desafios, e ele agora está concluindo, com recursos próprios, sua graduação em Administração de Empresas.

“É impressionante o poder do encontro da vontade com a oportunidade”, diz o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi. “Mesmo pessoas que não tiveram chance de estudar, quando capacitadas, já se tornam mais empregáveis, e há muita abertura no mercado para a absorção desses trabalhadores. O investimento que a Abapa faz em capacitação retorna para o capacitado, para os produtores, e para a comunidade”, diz.

A era da eletrônica

Se, da revolução industrial até o final do século XX, a mecânica era o conceito básico das máquinas e implementos agrícolas. A partir daí, os sistemas foram ficando mais complexos e “inteligentes”, obrigando operadores a dominar uma gama muito mais ampla de conhecimentos, nos quais o chip se sobrepôs à engrenagem. “Tudo isso agregou valor à máquina e ao operador, sobretudo aqueles ligados à cotonicultura, uma atividade que requer processos bem diferenciados. Hoje, em alguns casos, se pode atuar nos softwares destas máquinas, à distância, de qualquer lugar do mundo”, relata Bergamaschi.

A evolução da mecânica à mecatrônica na cotonicultura fez destes equipamentos verdadeiros robôs, capazes de trabalhar até sozinhos e com precisão. Mesmo assim, a figura do operador não só ainda existe, como precisa ser cada vez mais especializada. Uma colheitadeira de algodão, por exemplo, pode custar em torno de R$6 milhões no câmbio de hoje, e lidar com um equipamento tão especial requer conhecimento e muita perícia.

“No passado, dizia-se que quem não queria estudar tinha que trabalhar na roça. hoje isso não é mais possível. O trabalho no agro requer mão-de-obra altamente capacitada e isso só se consegue através do estudo”, afirma a coordenadora de Recursos Humanos da Abapa, Maristélia Brito.

Neste contexto, as habilidades intelectuais e emocionais ganharam importância. “O perfil comportamental se tornou um diferencial na hora da contratação. Isso vai desde inteligência emocional, até proatividade e capacidade de trabalhar em equipe”, explica Maristélia. A formação da mão-de-obra, na Abapa, já começa no programa Menor Aprendiz. Nele, segundo a coordenadora, é fácil ver quem tem uma outra característica muito importante: vontade.

“É possível trabalhar a deficiência de conhecimentos através da capacitação. Mas o desejo por aprender, por querer fazer diferença, tem de vir de dentro para fora”, afirma.

Fazer para entender

Dalilla da Mota chegou ao Oeste da Bahia há um ano, sem emprego. Apesar de sua formação em engenharia de Segurança do Trabalho, viu em duas capacitações do CT da Abapa uma oportunidade de abrir um novo caminho na região. Acontece que os cursos em questão eram de operação de empilhadeira e de trator agrícola, habilidades que prescindiam de um diploma de curso superior. “Não tive dúvida, e fui fazer. Estes cursos me possibilitaram colocar em prática a teoria que eu detinha. Hoje, trabalho numa consultoria em Segurança do Trabalho que atende a mais de 300 empresas e aqueles cursos que fiz me ajudam a enxergar riscos na execução dessas atividades”, argumenta.

Constante aprendizagem

Getúlio da Silva também trabalha com Segurança do Trabalho, como técnico, nas fazendas do Grupo Busato. Ele atua nas oito unidades produtivas e nas Unidades de Beneficiamento de Algodão e já se capacita para fazer o mesmo nos silos. Quando chegou na região, há mais de dez anos, trabalhava na construção civil. Foi a partir da experiência nas fazendas que as capacitações vieram, e a mudança de vida, também. “Logo que cheguei, já me colocaram para fazer um curso sobre a Norma Regulamentadora 31 (NR31, de Saúde e Segurança do Trabalhador)”, lembra. Desde então, realizou diversos cursos pelo CT da Abapa, e hoje ele é quem demanda muitas destas formações à instituição, tanto para as capacitações dentro da fazenda (on farm), quanto no CT. Perguntado sobre quando vai parar de se capacitar, ele não titubeia. “Nunca. Tem sempre algo a se aprender”.

Experiência

A concessionária de máquinas e equipamentos agrícolas Agrosul Máquinas é representante da tradicional John Deere no Oeste da Bahia e estado do Piauí, além de ser uma das mais atuantes parceiras do CT da Abapa. A necessidade, cada vez maior, de profissionais capazes trabalhar, seja na operação ou na manutenção e conserto das máquinas, estreita os laços entre a empresa e a Abapa. No ano passado, todo o time da concessionária, em todas as áreas, passou por uma capacitação especial no CT da Abapa, num evento chamado de Agrosul Experience. Durante seis dias, eles percorreram as “trilhas de conhecimento” montadas no CT, nas quais a teoria e a prática se encontravam. “A sala de aula ficava ao lado do equipamento. Assim, na estação em que falávamos sobre bicos de pulverização, estávamos sob a plataforma de um pulverizador”, relembra Fernanda Cascão, gerente de Marketing Corporativo da Agrosul. A experiência também incluiu palestras e encontros com os clientes, que puderam mostrar o ponto de vista da demanda.

Para o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, ações desta natureza, assim como todos os treinamentos fornecidos para a entidade, têm o objetivo maior de atender às necessidades do cliente. “Isso se reverte em resultado na lavoura, com mais produção, produtividade e qualidade”, conclui.

02.05.2022
Imprensa Abapa
Catarina Guedes – Assessora de Imprensa
(71) 98881-8064

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